quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014



Fernando Liguori


Texto organizado a partir do satsanga ‹‹Kriyā & Kuṇḍalinī›› para os alunos do Curso de Aprofundamento em Yoga para Professores & Praticantes Avançados realizado pelo Instituto Kaula na UFJF em maio de 2011.


EMBORA existam uma variedade de práticas para despertar a força interior, a maioria delas colocam o homem em conflito com sua mente. Desde o início da caminhada, o homem não tem sido capaz de fazer qualquer progresso tangível na vida espiritual porque grande parte de seu tempo foi gasto no combate, controle e repressão das tendências mais grosseiras da mente. Mesmo que ele seja capaz de controlar e pacificar a mente por um período de seis meses, isso não garante que ela, posteriormente, não vá se perder em vendavais mais uma vez. Depois de muitos anos de silêncio (mouna), a mente torna-se inquieta novamente sobre as questões mais mesquinhas. Portanto, é necessário descobrir uma técnica que não envolva o confronto com a mente.

Com este propósito em vista, os antigos yogīs projetaram um caminho para contornar a natureza da mente na prática espiritual. Este caminho ou método é conhecido como kriyā-yoga. É uma combinação de práticas poderosas com base no haṭha-yoga. Na prática do kriyā-yoga, tentamos influenciar a mente através do corpo, assim como influenciamos a mente através da ingestão de determinadas substâncias alucinógenas.

Todos nós sabemos que a mente pode ser influenciada. No Yoga, quando tentamos influenciar a mente através da mente, estamos praticando um metodo conhecido como pātañjala-yoga (o Yoga Clássico de Patañjali). Quando influenciamos a mente através da auto-investigação, utilizamos o método conhecico como jñana-yoga. Quando transformarmamos a mente através da emoção, estamos praticando bhakti-yoga. Quando tentamos mudar a mente através do serviço abnegado e desprendimento, executamos karma-yoga. Quando expandimos a mente e liberamos a energia, praticamos tantra-yoga. Quando influenciamos a mente ajustando e equilibrando as substâncias químicas no corpo, o que fazemos é haṭha-yoga.

Na prática do kriyā-yoga não nos preocupamos com as distrações da mente. Se sua mente não é concentrada, é facilmente influenciada por paixões, fica deprimida por preocupações psicóticas e neuróticas, ou até mesmo se você estiver perdido nos meandros do plano mental, isso não faz diferença no kriyā-yoga. Se você é da natureza de tamas, rajas ou sattva, não importa.

No pātañjala-yoga você tem que estar constantemente atento às funções da mente. Existe a necessidade de se manter a mente constante em uma direção, caso contrário, haverá falhas. Mas no kriyā-yoga a constância da mente não é importante; você está apenas preocupado com a prática. As práticas são feitas no plano físico e a mente tem um envolvimento mínimo. Não é necessário ser constante e uma direção, entretanto, os kriyās têm de ser executados de forma correta, segundo as orientações de um professor qualificado.

Viparītakaraṇī-mudrā

Por exemplo, em viparītakaraṇī-mudrā, a primeira prática de kriyā-yoga, você deve ser capaz de manter a postura correta. Ao praticar a postura física, em ujjāyī-prāṇāyāma inala-se do maṇipūra-cakra até o viśuddhi, por um momento a energia permanece ali e depois exala-se sem qualquer preocupação com a passagem psíquica. Em viparītakaraṇī-mudrā, a inspiração tem uma rota definida pela passagem psíquica que vai do maṇipūra até o viśuddhi, mas a expiração não segue por uma passagem psíquica definida. Você pode expirar da maneira que quiser e então começar o segundo ciclo da prática, por 11 vezes.

Agora, qual é a ciência por trás desta prática? Os textos sobre haṭha-yoga dizem que o néctar da lua é consumido pelo sol. Dessa maneira, o yogī perde seu poder espiritual e transpassa o portal da morte. Através da prática, enviamos o néctar de volta à lua a fim de nos tornarmos imortais, resgatando nossa herança yogī. De forma simples, esta é o processo de viparītakaraṇī-mudrā.

Aqui, não apenas o fluxo do néctar e do prāṇa, mas até mesmo a circulação sanguínea é revertida para o cérebro. Se enriquecemos o cérebro com um excesso destas três substâncias, podemos perceber o Ser divino em nós, é o advaita-jñana (sabedoria da unidade) por meio da prática. Viparītakaraṇī-mudrā é um meio de enriquecer o cérebro preparando-o para práticas mais intensas.

Pela prática de viparītakaraṇī-mudrā, somos capazes de estimular o cakra sahasrāra, conhecido na ciência moderna como o corpo pituitário, localizado no maior centro do cérebro. De diferentes áreas da hipófise, são secretados poderosos hormônios que controlam todas as outras glândulas do corpo, de forma a influenciar o funcionamento de todos os órgãos e sistemas, bem como a mente e as emoções.

Dos múltiplos hormônios no corpo, os mais importantes são os sexuais. No Yoga eles são conhecidos como retas e é dito que são responsáveis pelo cativeiro e degeneração. Enquanto o corpo está saturado com retas, permanece jovem e emite um odor agradável. A preservação desses hormônios é conhecida como brahmacarya. Quando esses hormônios caem na região do umbigo, se transforma em vīrya ou sêmen, deixando o corpo por emissão. Como resultado deste desperdício, cria-se a inquietação na mente e o adepto se torna mentalmente e fisicamente débil. Este ciclo de degeneração é impedido pela prática de viparītakaraṇī-mudrā. Antes do retas se transforma em vīrya, pode-se inverter todo o processo enviando estes hormônios e o prāṇa de volta ao cérebro.

A fim de se tranquilizar em mente, é necessário ter força suficiente no cérebro. Quando há força suficiente no cérebro, a mente pára e a kuṇḍalinī desperta. Quando o cérebro é fraco e não possui prāṇa, a mente fica inquieta. Muitas pessoas se sentam para praticar meditação, mas ao invés de se tornarem pacíficas, suas mentes ficam ansiosas, medrosas e nervosas. A razão disto é muito simples: não há śakti-prāṇa nos centros superiores do cérebro. A prática de viparītakaraṇī-mudrā durante nove minutos todos os dias reverte o processo do prāṇa. Não há nenhuma razão pela qual a mente deva parar. Portanto, viparītakaraṇī-mudrā é a primeira prática do Kriyā-yoga.

Cakra-ānusandhāna

Este é outro exemplo de como a consciência pode despertadar sem envolver a mente. Nesta prática a consciência percorre todos os cakras e seus pontos de contato. Todos os cakras, exceto o mūlādhāra e o bindu têm pontos de contato na parte da frente do corpo, que são paralelos aos pontos dos cakras na coluna vertebral. Do mūlādhāra ao bindu a consciência sobe através dos pontos de contato, e do bindu ao mūlādhāra ela desce através dos cakras na coluna vertebral. O terminal superior é bindu e o terminal inferior é o mūlādhāra.

Na medida em que ascendemos através dos pontos de contato na passagem psíquica frontal, dizemos o nome de cada um dos cakras mentalmente: mūlādhāra (no períneo), swādhisṭhāna (no osso púbico), maṇipūra (no umbigo), anāhata (no esterno), viśuddhi (na garganta), ājñā (no centro entre as sobrancelhas), bindu (no topo da cabeça).

Na medida em que descemos a consciência através dos cakras na coluna vertebral, mais uma vez dizemos o nome de cada um mentalmente: bindu (parte de trás da cabeça), ājñā (parte superior da coluna), viśuddhi (cavidade da garganta) anāhata (atrás do esterno), maṇipūra (atrás do umbigo), swādhisṭhāna (cóccix) e mūlādhāra (períneo).

Nesta prática a concentração não é necessária, mas a consciência deve se manter em movimento de cakra a cakra o mais rápido possível. Do contrário, a mente pode vagar.

A tradição

Kriyā-yoga é uma compilação de práticas retiradas do haṭha-yoga e diferentes fontes tântricas. Por exemplo, viparītakaraṇī-mudrā é uma postura do haṭha-yoga, mas no haṭha-yoga não ensinamos estes detalhes. Da mesma forma, mahā-mudrā e mahā-bheda-mudrā, os dois kriyās mais importantes, também são ensinados no haṭha-yoga, mas não em detalhes. Também, naumukhi-mudrā é ensinado no haṭha-yoga, mas não em sua forma completa. No haṭha-yoga ele é chamado de ṣaṇmukhī-mudrā ou yoni-mudrā, no qual os sete portões são fechadas: as duas orelhas, os dois olhos, as duas narinas e da boca. Em naumukhi, no entanto, todos os nove portões, incluindo os orifícios urinário e excretor estão fechados. Isto deixa apenas o décimo portão aberto para a passagem do prāṇa e da kuṇḍalinī. Assim, o kriyā-yoga nos ensina um pouco mais do que o haṭha-yoga.

Atualmente, as práticas de kriyā-yoga estão sendo ensinadas por muitas pessoas, muitos mestres e tradições, mas elas foram simplificadas em grande medida. Entretanto, tomamos a postura de não simplificar estas práticas, pois se assim o fizermos, a posteridade não saberá o que kriyā-yoga realmente é. Embora muitas pessoas hoje não consigam praticar o kriyā-yoga em sua forma completa e original, em sua forma clássica, com o devido preparo, podem estar prontas para a prática em um ano ou dois, desde que sejam instruídas devidamente.

A relação entre os kriyās e a kuṇḍalinī

Kuṇḍalinī-yoga não é uma prática, mas um sistema, assim como haṭha-yoga não é uma prática, mas um sistema. Kriyā-yoga é uma parte do kuṇḍalinī-yoga, é uma prática e não um sistema.

A palavra kuṇḍalinī tem de ser explicada corretamente. De acordo com os escritores modernos, a kuṇḍalinī é uma serpente enrolada, mas de acordo com o Tantra, a palavra kuṇḍa significa um lugar mais profundo. Quando fazemos um sacrifício (yajña) de fogo, abrimos um buraco quadrado no chão em que colocamos fogo. Quando o fogo está queimando oferecemos oblações. Quando oferecemos oblações as chamas do fogo, estamos trabalhando externamente com o kuṇḍa, portanto, essa palavra significa literalmente uma chama em um buraco. A kuṇḍalinī é a śakti, o fogo é a śakti. Kuṇḍalinī-yoga é a ciência do fogo no kuṇḍa, o local profundo onde o fogo arde em forma potencial. É a kuṇḍalinī adormecida. Este fogo não é físico, é conhecido como o Fogo do Yoga, que também é gerado através do prāṇāyāma. O fogo no exterior é apenas um símbolo.

No lugar mais profundo no mūlādhāra-cakra existe um liṅga astral na forma oval. A palavra liṅga tem dois significados, falo e corpo causal, mas a maioria das pessoas só conhecem o primeiro significado. O liṅga no mūlādhāra é o corpo causal ou o inconsciente. É a libido total. No kuṇḍalinī-tantra e no kriyā-yoga, nós concebemos três lugares para o śiva-liṅga: o mūlādhāra, o ājñā e o sahasrāra-cakra. No mūlādhāra o liṅga é nebuloso, no ājñā é esfumaçado e no sahasrāra é luminoso. A palavra Śiva, aqui, significa a alma individual. Esta é a relação entre kuṇḍalinī-yoga e kriyā-yoga. Kriyā-yoga é uma prática do kuṇḍalinī-yoga.

O kuṇḍalinī-yoga possui inúmeras práticas, não apenas o kriyā-yoga. Mas as práticas de kriyā-yoga são as melhores, mais fáceis e mais poderosas. Além disso, kriyā-yoga é a prática mais adequada para as pessoas dos dias de hoje, porque não estabelece quaisquer restrições sobre alimentos, hábitos, vida conjugal, etc. Seguindo o caminho do kuṇḍalinī-yoga e praticando o kriyā-yoga, o yogī pode despertar a sua personalidade espiritual, sem a interferência de sua mente. Deixe suas paixões, ciúmes, orgulhos e preconceitos, apenas continue com a prática. Viva com suas depressões, prazeres, alegrias e dores. Estes elementoas grosseiros da personalidade não se apresentam como obstáculos no caminho do despertar espiritual quando levamos em consideração a prática de kriyā-yoga.

Satsanga sobre kriyā-yoga

O kriyā-yoga é de origem hindu professor?

O kriyā-yoga é uma prática antiga que já existia muito antes das religiões de hoje. Somos em número de quinze aqui aprendendo kriyā-yoga. Amanhã, alguns de vocês se tornarão cristãos (ou já são), outros mulçumanos e outros vão adotar o hinduísmo como mecanismo de crença religiosa, não importa. Daqui a 500 anos as crianças vão perguntar: o kriyā-yoga é mulçumano, hindu ou cristão? Eu, se estivesse lá, responderia: Eu ensinei kriyā-yoga da forma clássica e tradicional aos seus antepassados, antes de se tornarem seguidores desta ou aquela religião.

Como podem ver, as práticas de Yoga que despertam a kuṇḍalinī e a personalidade superior não se limitam às fronteiras de qualquer religião. A religião nos prepara, nos ensina a orar, jejuar e direcionar nossa consciência para Deus, desenvolvendo a fé etc. Estas são pedras muito importantes que constrõem o caminho a ser trilhado. O kriyā-yoga, no entanto, é o método pelo qual o despertar realmente ocorre.

O kriyā-yoga é apenas mensionado nas escrituras tântricas?

Eu não sei se todos vão aceitar isso que vou falar, mas de uma maneira muita particular, pode se dizer que o kriyā-yoga foi citádo na Bíblia. No Gênese, há uma passagem que fala sobre o sonho de Jacó. Ele viu uma escada que descia do céu até a terra. Nela, havia anjos subindo e descendo. Essa escada é mencionada em outras partes do Antigo Testamento onde se diz que temos que subir até a metade do caminho com os olhos abertos e a outra metade com os olhos fechados.

Quando praticamos kriyā-yoga, executamos alguns kriyās iniciais com os olhos abertos e os finais com os olhos fechados. A escada do sonho de Jacó é a suṣumṇā-nāḍī. Sua extremidade inferior repousa no mūlādhāra-chakra que, de acordo com o Tantra, é o elemento terra; o topo da escada que atinge o céu é o sahasrāra. Os anjos subindo e descendo a escada representam o movimento da respiração através da suṣumṇā. Portanto, esta é uma semelhança muito marcante entre as instruções insinuadas na Bíblia e as práticas detalhadas nas escrituras tântricas.

Por que executamos algumas práticas de kriyā-yoga com os olhos abertos e outras com os olhos fechados?

Quando se inicia a prática do kriyā-yoga mantendo os olhos fechados a consciência pode se perder na aglomeração de problemas e preocupações. Quando os olhos estão fechados, o cérebro é mais silencioso e as forças subconscientes entram em erupção com mais facilidade. Quando se mantém os olhos abertos, o cérebro funciona mais dinamicamente e os conflitos subconscientes ficam fora da aréa de atuação da consciência.

Em segundo lugar, no kriyā-yoga a ênfase não está na concentração, mas na prática. Se você conscientemente manter os olhos abertos por um período de meia hora, pratyāhāra ocorrerá automaticamente. Por exemplo, se você executa um mantra com os olhos fechados e, em seguida, com os olhos abertos, notará que o estado de pratyāhāra é muito melhor com os olhos abertos do que fechados. Em pratyāhāra há uma desconexão temporária entre o sistema nervoso e o cérebro, que pode ser melhor alcançada mantendo os olhos abertos. Lembrem-se, estou falando de pratyāhāra (dissociação) e não dhāraṇā (concentração). Práticas que levam ao estado de dhāraṇā têm de ser feitas com os olhos fechados. Portanto, no kriyā-yoga as primeiras práticas, que desenvolvem o estado de pratyāhāra, são realizadas com os olhos abertos, mas depois de tadan-kriyā, se inicia os kriyā-dhāraṇā, estes são realizados com os olhos fechados.

Nas práticas de kriyā-yoga utilizamos os canais psíquicos frontal e dorsal (arohan e awarohan), essas passagens são reais ou são apenas criadas na mente?

O processo ascendente (arohan) e descendente (awarohan) concerne ao despertar do prāṇa-śakti. Não há caminho no corpo que não se torne uma passagem para o prāṇa – e não é esse um dos princípios da prática de prāṇa-vidyā? Mas no kriyā-yoga, ocorre o processo de ascensão do prāṇa do mūlādhāra até o bindu através da passagem frontal e do bindu até o mūlādhāra através da passagem da coluna vertebral apenas.

O propósito de criar essas passagens é desenvolver auto-consciência concentrada e intensificada.

A consciência é normalmente dissipada e esta dissipação é responsável pelo desperdício de energia. Se você tem uma instalação eléctrica e liga vários aparelhos, a corrente não será suficiente, mas para um ou dois aparelhos ela será. Da mesma forma, prāṇa-śakti, que é distribuído por todo o corpo, o campo mental e até mesmo o campo psíquico, deve ser conduzido através de um canal de uma forma concentrada. Portanto, pela prática de arohan e awarohan, cria-se um fluxo de energia da consciência.

Existem restrições sobre quem deve praticar kriyā-yoga?

Eu não acho que exista alguém impróprio para a prática de kriyā-yoga. É diferente para quem não tem tempo ou energia física; esses não podem praticar todos os kriyās, mas podem definitivamente praticar alguns deles.

As mulheres podem praticar durante a menstruação?

Durante o período menstrual, kriyā-yoga é definitivamente útil, especialmente mahā-mudrā e mahā-bheda-mudrā. Eles ajudam a superar a depressão que é natural durante o ciclo mentrual e a manter o equilíbrio emocional que muitas vezes falta durante este período.
Como posso aprender kriyā-yoga?

Primeiro, torne-se proficientes na prática de āsana, prāṇāyāma, mudrā e bandha. Dessa maneira será capaz de aprender kriyā-yoga. As práticas de kriyā-yoga não são muito difíceis. Na minha opinião, dhyāna-yoga é muito mais difícil. Em dhyāna sentamos em um āsana e tentamos atrair a mente a um foco para que ela entre em um estado diferente. Poucas pessoas podem fazer isso com facilidade. Mas no kriyā-yoga, não é necessário fechar os olhos sempre, não é necessário manter uma postura firme por todo tempo, não é necessário concentrar a mente em um objeto. A mente é autorizada a permanecer livre e fazer o que bem entende.

Estas são as características básicas do kriyā-yoga. Há vinte práticas principais que podem ser aprendidas sem dificuldade. Elas foram organizadas em uma ordem especial para induzir sistematicamente pratyāhāra, dhāraṇā e dhyāna. Não há restrições sociais ou idade para a prática de kriyā-yoga. No entanto, você deve ser capaz de executar proficientemente prāṇāyāma.

Assim como o sal é o tempero básico nos alimentos comuns, da mesma forma prāṇāyāma é a prática básica para o kriyā-yoga. Quando pratica-se prāṇāyāma por um longo tempo, por 15 a 30 minutos todos os dias, cria-se calor no sistema, secando todo o muco dos pulmões. O metabolismo renal diminui. É muito importante lembrar que ao realizar prāṇāyāma o corpo não deve suar ou tremer. Portanto, primeiro execute eficientemente prāṇāyāma antes de tentar a prática de kriyā-yoga. Dessa maneira você vai dominar facilmente as práticas e obter os benefícios ideais.

O que acontece se começarmos a prática de kriyā-yoga antes do preparo com os āsanas, prāṇāyāmas etc.?

Se você está praticando corretamente, o despertar pode ocorrer. Mas se você não treinou seu sistema nervoso, não dominou kumbhaka ou não preparou sua mente para ter experiências de uma dimensão diferente, então provavelmente não será capaz de gerenciar a prática. Muitas pessoas começam praticar mahā-mudrā e mahā-bheda-mudrā antes de estarem preparadas e têm experiências fantásticas, mas não sabem compreendê-las. Elas dizem: ei, algo está acontecendo comigo, estou sentindo muita fome nesses dias; ou eu não sinto fome de jeito nenhum; algumas pessoas podem dizer: eu tenho muitos sonhos assustadores, ou eu sinto que alguém está no meu quarto. Estas experiências ocorrem somente quando você não se preparou de forma lenta e sistemática.

Devemos praticar todos os kriyās que aprendemos hoje ou só alguns?

As práticas de kriyā-yoga requerem um mínimo de 30 minutos por dia. Há uma seqüência definida de práticas, mas se seu tempo é curto, certos kriyās podem ser omitidos. No entanto, isto pode ser feito somente após adquirir alguma competência na prática. Há certos kriyās que são muito importantes, e eles devem ser praticados todos os dias, independentemente do tempo.
Viparītakaraṇī-mudrā é de importância vital. Cakra-ānusandhāna também, pois desenvolve a consciência dos cakras e seus pontos de contato. Mas esta prática pode ser omitida completamente após algum tempo porque é basicamente uma preparação para familiarizá-lo com as passagens ascendente e descendente. A terceira prática é nāda-sancalana (a entoação do oṃ como som da consciência). É um passo importante, mas depois de algum tempo você pode minimizá-la de treze para três ciclos. A prática seguinte é pawan-sancalana, onde se inspira a consciência ascendente e expira de forma descendente. Em seguida, vem śabda-sancalana com o mantra sohaṃ. Essas duas práticas podem ser combinadas, minimizado os ciclos para vinte e uma vezes, depois de ter alcançado uma tranquilidade considerável. As práticas seguintes são mahā-mudrā e mahā-bheda-mudrā. Elas devem ser praticadas da maneira como ensinei hoje. Desta forma algumas das práticas básicas podem ser omitidas, e certas práticas podem ser minimizadas enquanto outras devem ser praticadas como ensinei.

Mahā-mudrā e mahā-bheda-mudrā são o âmago do kriyā-yoga. Se por algum motivo você não é pode praticar toda a seqüência de kriyās, continue mahā-mudrā e mahā-bheda-mudrā sem falhar. É claro, deve-se usar o bom senso. Se o corpo está fraco ou doente, a prática deve ser interrompida por algum tempo.

Uma vez que tenhamos aprendido kriyā-yoga, devemos continuar a praticar āsanas, prāṇāyāmas etc.?


Kriyā-yoga é a prática tântrica mais eficaz. Depois de começar a praticá-lo, você não precisa continuar com āsanas, prāṇāyāmas e assim por diante. Mas um arranjo na classificação das práticas yogīs é importante. Por exemplo, quando você entra no ensino fundamental, aprende geografia, história matemática etc. Quando passa ao ensino médio, esse conhecimento aprendido no ensino fundamental passa por um refinamento. Finalmente, entra na universidade para se especializar em alguma área. Lá você irá ler todo o material que estudou no ensino fundamental e médio? Não! Todo ato de aprendizagem é uma preparação para o futuro. Portanto, não é sábio praticar inúmeros métodos de Yoga. Você tem que organizar todos os métodos de Yoga em graus e, gradualmente, transcendê-los.

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