sexta-feira, 20 de junho de 2014



Fernando Liguori


Texto extraído da apostila do curso «Oficina de Meditação», edição 2011, ministrado pelo Instituto Kaula.


O objetivo inicial de todas as práticas meditativas é estabelecer um estado de concentração mental como prelúdio a meditação profunda. Para conquistar este estado, diferentes métodos são adotados. Um dos mais diretos, simples e efetivos é a técnica de trāṭaka. A mecânica da prática é fácil de aprender e pode ser praticada por qualquer pessoa. Os benefícios serão enormes. Até mesmo iniciantes, com pouco esforço e persistência, podem passar por experiências profundas em curto período de tempo. E o mais importante, ela leva diretamente a experiência da meditação.

Nesta lição e nas duas que seguem nos próximos módulos nós iremos introduzi-lo nos três estágios de trāṭaka, avançando progressivamente do mais simples aos mais avançados. A palavra trāṭaka significa olhar ou focar fixamente. A prática consiste em olhar fixamente um ponto ou objeto sem piscar os olhos. É o método de focar os olhos e, portanto a mente em um ponto, excluindo todos os outros a sua volta. O objeto de fixação da consciência pode ser externo ao corpo, quando a prática ganha o nome de bahir-trāṭaka (fixação externa), ou pode ser interno, quando a prática ganha o nome de antar-trāṭaka (fixação interna). Através deste método, toda atenção e poder da mente pode ser canalizado como uma torrente contínua. Isso permite que o potencial latente da mente espontaneamente desperte.

Trāṭaka como um método amplamente difundido

Trāṭaka é descrita em muitas escrituras, embora seja usualmente conhecida por outros nomes, sempre em concordância com a tradição que está inserida. Na Gheraṇḍasaṃhitā, um texto clássico do haṭha-yoga, essa técnica é classificada como um dos ṣaṭ-karmāṇi (seis técnicas de purificação corporal). As outras cinco técnicas do conjunto de práticas são notoriamente práticas de purificação corporal e entre elas, trāṭaka – a última prática – parece estar fora do contexto. Entretanto, deve ser levado em consideração que trāṭaka não foi incluída como última prática do grupo a toa. Pelo contrário, existe uma boa razão para ela ocupar esse lugar. Ela atua como uma passagem entre as técnicas fisicamente orientadas e as práticas meditativas que levam aos estados mais elevados de consciência. Neste sentido, podemos dizer que trāṭaka constitui uma ponte entre o haṭha-yoga e os níveis avançados de rāja-yoga.

Tantra, provavelmente o sistema espiritual mais abrangente, considerado a base do Yoga que hoje conhecemos, utiliza trāṭaka em ampla escala em suas muitas práticas, seja usando diagramas simbólicos, deidades e objetos como foco de adoração ou consciência. Trāṭaka é utilizada de uma forma ou de outra por quase todos os sistemas espirituais e religiosos. No hinduísmo, uma parte importante da prática religiosa é se sentar na frente da imagem ou estátua de Kṛṣṇa, Rāma, Śiva, o símbolo do auṃ etc. Isso é uma forma de adoração e se ela é sincera, o adorador está praticando trāṭaka, pois seu objetivo é concentrar sua mente na deidade externa. Isso provoca o estado meditativo e a paz mental. Muitos hindus, por praticarem este método com perseverança, possuem a habilidade de criar visualizações internas de objetos externos a vontade, executando assim antar-trāṭaka.

No cristianismo ocorre a mesma coisa, mas de uma maneira menos óbvia. Nas igrejas encontramos imagens de Cristo, candelabros e a cruz, nas suas mais diversas formas. Estes objetos agem como foco de apoio para trāṭaka, embora esse não seja o nome utilizado pelos cristãos. Todas essas formas possuem um significado simbólico profundamente aterrado na mente ocidental que normalmente atua abaixo do nível normal da consciência. Em outras palavras, estes símbolos estimulam experiências e memórias que estão contidas naquilo que Jung denominou inconsciente coletivo. Portanto, esses objetos de suporte para consciência invocam experiências e conhecimentos que normalmente você desconhece.

No budismo tibetano, trāṭaka é freqüentemente realizada com o suporte de várias deidades, na imagem de Buda e várias figuras geométricas conhecidas como yantras ou maṇḍalas. Até mesmo os zen budistas utilizam trāṭaka, mesmo que de uma forma mais abstrata, como olhar fixamente o branco da parede. A prática de trāṭaka não se confina ao Yoga. Ela é universal e tem sido utilizada por eras como método para se transcender a experiência normal e cotidiana. Trāṭaka é simples e poderosa. Por esta razão a maioria dos sistemas espirituais e religiosos utilizam sua técnica, de uma maneira ou de outra, como mecanismo de elevação espiritual.

Diferentes métodos de trāṭaka

Trāṭaka consiste em três diferentes métodos de prática ou estágios:

1.    Externo (bahir)
2.    Externo (bahir) e interno (antar) combinados
3.    Interno (antar)

O método externo pode ser executado sozinho, embora geralmente seja combinado com o método interno para se obter melhores resultados. A técnica que iremos discutir nessa e na próxima lição é a combinação de ambas os métodos, interno e externo. A técnica mais efetiva, embora mais difícil, é antar-trāṭaka, o método interno.

1.    Bahir-trāṭaka: Pode ser executada com o foco em qualquer objeto, como veremos a seguir nesta lição. Agochari-mudrā (fixação na ponta do nariz), é uma forma excelente de bahir-trāṭaka. As pessoas estão tão acostumadas a viver fora de si mesmas, completamente extrovertidas em todos os aspectos de suas vidas, que encontram dificuldades para fechar os olhos por mais de alguns segundos, a não ser que estejam tentando dormir. Bahir-trāṭaka pode ser usada sob essas circunstâncias. O propósito fundamental de bahir-trāṭaka é, contudo, direcionar os olhos com tamanha concentração a um objeto por um longo período de tempo sem piscar ao ponto de se ver claramente a pós-imagem interior, objetivo tão cultivado em antar-trāṭaka.

2.    Bahir-trāṭaka & antar-trāṭaka: Essa é a forma de trāṭaka que iremos tratar nessa lição. Primeiro, fixa-se o olhar em um ponto ou objeto externo sem piscar por algum tempo; então se fecha os olhos e fixa-se o olhar na pós-imagem do mesmo objeto. Qualquer objeto pode ser utilizado, embora objetos claros e luzentes sejam melhores, pois gravam uma imagem clara na retina dos olhos, o que pode ser claramente observado quando estão fechados. Embora essa forma de trāṭaka auxilie no ganho de concentração mental, seu propósito fundamental é produzir uma imagem interna clara. Essa pós-imagem atua como foco objetivo predominante da atenção enquanto os olhos estiverem fechados. Se o objeto for claro e luminoso o suficiente, ele irá seduzir sua consciência de tal forma, que não conseguirá focar sua atenção em nada mais. E isso é exatamente o que queremos, pois essa prática refina a concentração, produz força mental e leva a meditação.

A combinação de antar e bahir-trāṭaka é especialmente útil para pessoas que possuem dificuldades em criar uma imagem interna à vontade, sem uma contra parte externa. As pessoas que conseguem criar com facilidade uma imagem interna, distinta e estável, sem o auxílio de nenhum objeto externo, pode praticar antar-trāṭaka apenas.

3.    Antar-trāṭaka: Essa forma de trāṭaka é mais conducente a introspecção e a exploração da mente, pois não existe contato com o exterior como nos dois outros métodos. Contudo, os dois estágios anteriores são mais adequados para prática em geral e principalmente para iniciantes. Muitas pessoas têm uma mente perturbada que está sempre em conflito e desordem. Sob essas circunstâncias é difícil criar uma imagem interna suficientemente carregada que capture a atenção da mente. Se existe tumulto mental e você pratica antar-trāṭaka, notará que a mente sempre vagante rapidamente esquece a imagem interna e vai em direção a outros pensamentos. Como resultado, você falhará em obter o máximo de benefício da prática. Sob essas condições é melhor praticar somente bahir-trāṭaka ou antar com bahir-trāṭaka, pois quanto mais tangível e claro for o objeto exterior, maior será o foco da mente e a exclusão de pensamentos intrusos.

Pratique antar-trāṭaka quando puder criar uma imagem interna clara e quando sentir que sua mente atingiu um grau razoável de equanimidade e estabilidade. Se praticar Yoga e meditação com sinceridade e entusiasmo, rapidamente alcançará sua meta. Antar-trāṭaka é um método poderoso para se desenvolver a consciência dos estados mais profundos da mente e despertar seu máximo potencial.

A escolha de um veículo para consciência

Qualquer objeto pode ser escolhido para prática. Você deve escolher aquele que é mais adequado a sua natureza. Mas novamente enfatizamos que o objeto tenha algum significado especial. Dessa maneira, será mais fácil manter o fluxo de sua consciência durante a prática. O que se segue é uma lista de objetos ou pontos mais utilizados em nossas técnicas meditativas:

·         Chama de uma vela
·         Cruz
·         Símbolo do auṃ
·         Flor (rosa ou lótus)
·         Ponto preto em uma folha de papel
·         Nascer do sol
·         Lua
·         Estrela
·         Śiva-linga
·         Ponta do nariz
·         Ponto entre as sobrancelhas
·         Nos olhos de outra pessoa
·         Céu
·         Água
·         Iṣtā-devatā (deidade pessoal)
·         Símbolo do yin e yang
·         Cristal
·         Yantra ou maṇḍala
·         Sombra
·         Escuridão
·         Imagem ou estátua de Buda
·         Imagem ou estátua de Cristo
·         Reflexo dos olhos no espelho

Existem inúmeras possibilidades. Mas uma vez selecionado o veículo para consciência, não mude, pois isso pode diminuir a efetividade da prática. Em outras palavras, se você investe seu tempo no desenvolvimento de sua consciência direcionada a um objeto e depois muda o foco para outro objeto, estará começando do início novamente a fim de permitir que sua mente assimile um novo objeto. A mente precisa se modular ao objeto de maneira que seja automaticamente atraída por ele. Isso leva tempo e seria um desperdício de esforço se a mente de repente começasse a modular-se em outro objeto. Portanto, escolha cuidadosamente e mantenha sua decisão. Se você sente que precisa mudar após um período de tempo, e essa é uma tentação comum, procure um aconselhamento mais experiente antes de fazer a troca.

A fixação na chama da vela tem sido a melhor introdução a essa técnica, principalmente para iniciantes. A razão disso é que sua luminosidade fixa a atenção. Tem um efeito magnético sobre os olhos e desperta a consciência. Ademais, a chama da vela deixa uma pós-imagem muito clara quando se fecha os olhos. Até mesmo as pessoas que possuem dificuldade em criar uma pós-imagem com objetos externos, com um pouquinho de prática já conseguem ver a imagem interna da chama. Portanto, usaremos a chama da vela como veículo para consciência na prática que iremos descrever.

Postura

Trāṭaka deve ser praticada em uma postura clássica de meditação. Deve se levar em consideração o conforto e a estabilidade corporal, portanto, pratique kāya-sthairyam e prāṇāyāma antes de iniciar trāṭaka.

Trāṭaka: estágio 1

É importante mencionar algo sobre a posição do objeto escolhido para prática: Se o objeto estiver muito distante dos olhos, é mais difícil manter o foco da mente nele; ademais, é quase impossível produzir uma pós-imagem clara e consistente tão necessária na prática de antar-trāṭaka, quando fechar os olhos. Se o objeto estiver muito baixo, haverá a tendência de inclinar o corpo para frente; isso não condiz com uma postura estável e, portanto, gera desconforto e dor lombar. Se o objeto estiver muito alto, o pescoço produzirá tensão. Por experiência nós verificamos que a melhor posição do objeto para prática de bahir-trāṭaka é na altura dos olhos e um braço de distância.

É claro, você pode ajustar a posição do objeto de maneira que ele fique mais adequado a sua prática. Nossa sugestão é apenas um guia, pois descobrimos que essa maneira é mais adequada a maioria das pessoas. Algumas pessoas preferem o objeto na direção dos olhos, mas muito próximo do rosto. Portanto, experimente por si mesmo e veja qual o melhor posicionamento do objeto.

Mas isso não se aplica a outros objetos como o sol, as estrelas, a ponta do nariz ou o ponto entre as sobrancelhas, pois esses veículos para consciência não podem ter sua posição ajustada. No entanto, a maioria dos objetos citados acima e no capítulo 5 (p. 32) se aplicam a natureza da prática, desde a chama da vela ao símbolo do auṃ.

Se você sofre de algum defeito nos olhos, deveria tentar posicionar o objeto de maneira que não haja uma imagem dupla ou distorcida. Você deve ver a imagem clara do objeto. Seria melhor que evitasse usar apetrechos; utilize-os apenas se necessário. Por exemplo, se estiver praticando trāṭaka na lua e for míope, somente conseguirá ver uma bola amarela. Neste caso você deveria utilizar óculos. Contudo, a prática de trāṭaka sem os óculos ajudará a reduzir a dependência deles, mas isso leva tempo e prática.

O método que executaremos é dividido em duas partes: bahir-trāṭaka na chama da vela e antar-trāṭaka na pós-imagem gerada.

Ascenda a vela e a coloque em um candelabro alto, banco ou bancada, posicionando-a na altura dos olhos. Sente-se em uma postura meditativa a um braço de distância da chama da vela.

Técnica
Ajuste sua postura de maneira que se encontre diretamente na frente da chama.
Ajuste a coluna e a cabeça.
Posicione as mãos sobre os joelhos em cin ou jñāna-mudrā.
Feche os olhos e relaxe todo o corpo.
Pratique kāya-sthairyam.
Deixe que seu corpo se transforme em uma estátua.
Tome a resolução de que não movimentará seu corpo durante toda a prática.
Se você se mexer, imediatamente distrairá sua consciência para longe da prática.
Preparação é importante. Portanto, esteja completamente absorvido em seu corpo. Não pense em nada mais (pausa).
Mantendo o corpo estável, abra os olhos.
Concentre intensamente seu olhar na chama da vela. Dirija sua atenção para ponta do pavio.
Não olhe para nada mais além da chama e do pavio.
Tente não piscar ou movimentar os olhos.
Não force os olhos. Se sente a necessidade de piscar, então pisque. Com a prática conseguirá manter o olhar fixo sem piscar os olhos por um longo período de tempo.
Relaxe seus olhos o máximo possível. Se existe tensão nos olhos, então relaxe-os. É a tensão nos olhos que causa o tremeluzir das pálpebras.
Mantenha sua consciência na chama da vela e no topo do pavio.
Direcione sua mente de tal maneira que você perde completamente a consciência do corpo.
Se sua mente vagar, não se preocupe, apenas traga a mente novamente para prática.
Foque completamente sua atenção no topo do pavio, no centro da chama. Deixe que sua consciência esteja completamente absorvida pela chama da vela (pausa).
Feche os olhos.
Visualize a pós-imagem da chama da vela na tela negra na frente de seus olhos fechados.
Se você não consegue ver a pós-imagem, não se preocupe; tudo o que se requer é prática; entretanto, apenas tente criar e visualizar a chama.
Existirá a tendência da imagem se mexer. Para cima, para baixo ou até para os lados. Foque sua atenção e tente estabilizar a imagem.
Esteja completamente consciente da pós-imagem. A pós-imagem apenas.
Se visões psíquicas, pensamentos estranhos ou qualquer tipo de experiência interior ocorrer, permaneça como uma testemunha. Não reaja sob nenhuma circunstância. Apenas deixe que estas experiências surjam e observe-as com desinteresse (pausa).
Abra os olhos.
Fixe sua consciência na chama da vela. Mantenha sua consciência no topo do pavio, no centro da chama.
Mantenha o olhar fixo no centro da chama da vela. Tente não piscar os olhos ou mesmo movimentá-los. Consciência total na chama da vela e nada mais (pausa).
Feche os olhos.
Consciência total na imagem interna.
Visualize a pós-imagem da chama da vela na tela negra na frente de seus olhos fechados.
Se você não consegue ver a pós-imagem, não se preocupe, apenas tente criar e visualizar a chama.
Foque sua atenção e estabilize a imagem interna se for necessário.
Esteja completamente consciente da pós-imagem. A pós-imagem apenas.
Se visões psíquicas, pensamentos estranhos ou qualquer tipo de experiência interior ocorrer, permaneça como uma testemunha. Não reaja sob nenhuma circunstância. Apenas deixe que estas experiências surjam e observe-as com desinteresse (pausa).
Abra os olhos.
Fixe sua consciência na chama da vela. Mantenha sua consciência no topo do pavio, no centro da chama.
Mantenha o olhar fixo no centro da chama da vela. Tente não piscar os olhos ou mesmo movimentá-los. Consciência total na chama da vela e nada mais (pausa).
Feche os olhos.
Observe o espaço negro na frente de seus olhos fechados.
Observe qualquer atividade que ocorra no espaço negro. Mas não se envolva. Permaneça com o uma testemunha.
Esteja completamente consciente dos pensamentos que surgem na mente (Pausa).
Continue por alguns minutos.
Esteja atento ao seu corpo e ao ambiente exterior.
Então abra os olhos.
Este é o fim da prática.

A estabilidade da fixação ocular

Como mencionamos anteriormente, é importante que o praticante não pisque ou movimente os olhos enquanto pratica bahir-trāṭaka. Isso é necessário para que se produza uma pós-imagem clara para a prática de antar-trāṭaka. Sem uma fixação ocular estável, é difícil discernir uma imagem interna clara e essa é a maior razão pela qual os iniciantes freqüentemente falham em perceber a imagem interna.

A estabilidade da fixação ocular está diretamente relacionada à estabilidade e concentração da mente. Há uma íntima conexão entre elas. Muitos sábios possuidores de calma e paz mental são distintivamente conhecidos por seu olhar penetrante. Se você perceber, um mestre nunca pisca muito. Portanto, estabilizando a fixação ocular em trāṭaka, a mente é automaticamente relaxada e concentrada.

Freqüentemente, muitas pessoas dizem não piscar ou movimentar os olhos sob nenhuma circunstância, mesmo que estejam desconfortáveis, mesmo que seus olhos comecem encher de lágrimas etc. Não concordamos com esta prática, pois ela apenas cria tensão e isso impede que os olhos se mantenham estáveis de maneira confortável. Mencionamos que o objetivo é não piscar ou movimentar os olhos, mas se você precisa fazê-lo por tamanho desconforto, então faça. No início, iniciantes acham essa prática um pouco difícil e, portanto, fixam seu olhar por apenas alguns segundos antes de sentirem a necessidade de piscar os olhos. Com a prática, você conseguirá manter os olhos abertos, com a mente direcionada, por um período maior de tempo.

O mesmo se aplica a antar-trāṭaka e a fixação ocular na pós-imagem. No início, a imagem irá se mover devido aos movimentos do globo ocular enquanto os olhos estão fechados. Com o tempo você será capaz de manter os olhos fechados, o globo ocular imóvel e a imagem estável. Lembre-se, a proficiência em trāṭaka consiste em relaxar os olhos o máximo possível

A duração da fixação interna e externa

Mantenha a fixação ocular na chama da vela sem piscar os olhos pelo tempo que puder. Iniciantes deveriam começar com dois ou três minutos. Com o tempo, aumente para cinco ou dez minutos em uma execução contínua.

Antar-trāṭaka deve ser executada enquanto a pós-imagem do objeto se mantém clara. Iniciantes que não conseguem ver uma imagem interna deveriam tentar criar ou perceber uma por alguns minutos e então abrir os olhos. Praticantes avançados podem ver qualquer imagem indefinidamente. Neste caso, pratica-se antar-trāṭaka pelo máximo de tempo disponível ou enquanto a imagem for clara. O objetivo é ampliar a duração de antar-trāṭaka e diminuir bahir-trāṭaka. Antar-trāṭaka é mais conducente a meditação e a consciência das camadas mais profundas da mente.

Duração e tempo da prática

Para se obter o máximo benefício da técnica, pratique por pelo menos quinze minutos todos os dias; mais se for possível. Você pode praticar a qualquer momento, embora cedo pela manhã e antes de dormir sejam os melhores horários. Se possível, pratique nestes dois horários. Construa seu programa de práticas para que não seja perturbado.

Advertência

Todas as pessoas armazenam complexos e problemas na mente. O objetivo do Yoga é limpar essas impurezas acumuladas na mente. Trāṭaka é um método excelente pois ajuda na conscientização dos problemas mais profundos. Contudo, é possível que seus problemas se manifestem muito rápido, provocando distúrbios mentais. Se isso ocorrer, pare a prática e busque aconselhamento adequado.

Benefícios

Trāṭaka desenvolve o poder da concentração, o que é de muita utilidade em todos os aspectos da vida. Ademais, a fixação da energia mental em direção a um ponto conduz a estabilidade da consciência, pois suas flutuações são interrompidas. Trāṭaka é um excelente método para se obter experiências meditativas genuínas, pois desenvolve o potencial latente da mente.

O poder da memória é sempre obscurecido pelas perturbações da mente. Essas nos impedem de acessar nossos arquivos quando bem entendemos. Trāṭaka auxilia no refinamento da memória a acalma a mente.

Todas as pessoas que padecem de tensão nervosa, insônia etc. são indicadas a prática de trāṭaka de forma regular. Pessoas com problemas nos olhos como irregularidades nos músculos oculares terão muito benefício com a prática de trāṭaka.

Trāṭaka é um meio para se obter poderes psíquicos (siddhis) como telepatia e clarividência. Mas não recomendamos sua prática com essa finalidade, acreditando nestes poderes ou não, pois eles são uma distração no caminho da consciência mais elevada e do autoconhecimento.


Discutimos trāṭaka utilizando a chama de uma vela como veículo para consciência. Lembre-se, você pode utilizar qualquer outro objeto, praticando sempre da mesma maneira indicada.

1 comentários:

  1. Essa foi a melhor definição e explicação sobre trāṭaka que tive acesso até hoje. Muito Obrigado.

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