sábado, 2 de agosto de 2014



Swāmi Nirajanānanda Saraswatī


A negatividade é uma erva daninha que mata e suprime o poder da positividade. O ódio, o ciúme e a inveja são as ervas daninhas que sufocam as qualidades benevolentes da mente. Se nos identificamos com as ervas daninhas da negatividade sob a influência dos estados negativos da mente, então perdemos a noção da natureza positiva.

Apenas como um gramado deve ser aparado e limpo regularmente, a mente também tem de ser mantida em boas condições. Devemos ter uma atenção especial para com os pensamentos positivos e saṅkalpas «intenções» positivos que se tornam nossos pilares na vida. Devemos proteger a mente das influências que perturbam sua paz, equilíbrio e harmonia. As pessoas que podem fazer isso são verdadeiros yogīs. Há seis práticas que devem ser adotadas como disciplina na vida diária para este objetivo:

A primeira é a prática de mantra, que vai gerar a força interior, otimismo e criatividade.

Os mantras conhecidos por mahāmṛtyuñjaya, gāyatrī e durgā-mantras são como três sementes ou saṅkalpas. Estas sementes devem ser plantadas na mente subconsciente quando ela estiver quieta, serena, não ativa no estado de vigília, e não conectada com os orgãos dos sentidos, com o mundo externo ou com os objetos dos sentidos. Desta forma, esses três mantras devem ser praticados logo que se acorda, pela manhã, quando ainda se está na cama. Com a prática regular, vamos descobrir que estes três mantras desempenham um papel importante no cultivo da força interior, do otimismo e da positividade.[1]

A segunda prática que deve tornar-se parte da nossa vida diária é a yoga-nidrā.

A prática da yoga-nidrā colabora na redução das tensões psicológicas e psico-emocionais, o estresse e mantém a mente ativa, clara e criativa.[2]

O terceiro componente é a ativação prânica — prāṇāyāma. Os prāṇas no corpo devem ser ativados e equilibrados. Quando os prāṇas são ativados e o sistema de energia regulado corretamente, então, muitos estresses psicológicos, psico-emocionais e psico-fisiológicos podem ser evitados. O corpo e a mente estarão sempre energizados, afastando os momentos de tédio, de letargia ou isolamento na vida, colaborando para criar um estado de auto-suficiencia em que o potencial de criatividade máxima, do corpo e mente, possa ser experimentado, alcançado e expresso.[3]

O quarto componente é a meditação simples. No yoga, pratyāhāra, onde a consciência se desindentifica dos sentidos, vem em primeiro lugar. Trabalhamos através dos níveis superficiais de nossos sentimentos e pensamentos, com a prática de antar-mouna ou do silêncio interior. Para obter e entender o estado de estabilidade corporal praticamos kāya-sthairyam ou imobilidade do corpo. A consciência dos movimentos sutis vem com a prática de ajapa-japa e cidākāśa-dhāraṇā. Iniciamos a prática com 10 minutos de trāṭaka e, após apagar a vela, usada para concentração, seguimos com dez minutos de pratyāhāra e antar-mouna para observar a atividade interior, e enceramos a prática com dez minutos de ajapa-japa.[4]

Āsana é o quinto componente. Somos livres para praticar quanto quisermos, onde quisermos, porém, deve haver um propósito para a prática de āsana. Se a flexibilidade e trabalho do corpo é o objetivo, então, este deve ser o foco do trabalho com āsana. Se a estabilidade e conforto são as metas, então isso deve ser a prioridade na prática.[5]

Como sexta ferramenta temos a adoção de yama e niyama — que procuramos seguir onde quer que estejamos. No sistema de Patañjali, Yama e niyama são práticas mentais e atitudes para disciplinar e regular a nossa vida e provocar mudanças no comportamento da mente. Se pudermos aplicar este sistema de yoga de forma disciplinada e regularmente, vamos entender o processo de yoga-sādhanā. A compreensão de nossa mente, de nosso comportamento, de nossa atitude, de nossa natureza e de nosso caráter irá se desenvolver cada vez mais. Se pudermos adotar estes preceitos por um ano ou seis meses ou até por três meses regularmente, sem dúvida vamos provocar uma transformação em nossa vida.[6]

A sequencia é importante quando se trata destas ferramentas ou recursos. Assim, fazemos o mantra logo ao acordar, āsana e prāṇāyāma pela manhã, yoga-nidrā durante o dia — ou sempre que se sentir estressado e precisar de relaxamento ou nova energia e a meditação à noite.

Tradução livre de MaurizzioCanali.
Correção diacrítica e notas de Fernando Liguori.



[2] Veja o artigo Vida de Yoga: A Aplicação Prática do Yoga na Vida Diária #3, Os Efeitos do Saṅkalpa naYoga Nidrā e Yoga Nidrā: Sonho Dinâmico vs Relaxamento Consciente.
[4] Veja os artigos Vida de Yoga: A Aplicação Prática do Yoga na Vida Diária #3, Estágios de Pratyāhāra, AntarMouna: O Silêncio Interior, Kāya Sthairyam #1 e #2, Ajapa Japa, Trāṭaka #1, #2, #3 e Cidākāśa Dhāraṇā.
[6] Veja o artigo Vida de Yoga: A Aplicação Prática do Yoga na Vida Diária #4 e Vida de Yoga: RepensandoYama & Niyama.

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