Fernando Liguori
O Tantra
tem sido classificado em cinco categorias: 1. śaiva-tantra, no qual Śiva
representa o Absoluto; 2. śākta-tantra no qual Śakti, sobre todas
as formas, representa o Absoluto; 3. gāṇapatya-tantra, no qual Gaṇeśa
representa o Absoluto; 4. sūrya-tantra, onde o sol representa a força
primordial; 5. vaiṣṇava-tantra, onde Nārāyāna é a divindade
principal. Essas são as cinco principais classificações do Tantra.
As
duas principais correntes nessa classificação que ainda são muito ativas,
vibrantes e dinâmicas na Índia são os tantras śaiva e śākta.
No śaiva-tantra, onde Śiva é o guru e Śakti a discípula, há
muitas escolas, das quais dez são proeminentes. No śākta-tantra,
onde a Śakti é a Suprema Controladora do universo, há uma prática espiritual
conhecida como o Culto das Mahāvidyās. A Śakti, Controladora do universo, é adorada
em dez formas diferentes, começando com Kālī e seguida de outras formas como Tārā,
culminando em Kamalā. A Śakti é tida como a Imperatriz de todo o cosmos visível
e invisível, manifesto e não manifesto, Regente do destino de cada indivíduo e do
cosmos, Doadora de tudo o que é auspicioso e benevolente, adorada finalmente como
Ṣoḍaśī. Essa é a manifestação final da Śakti, a devī. O sādhanā do
Śrī Yantra é considerado a prática mais poderosa do Tantra. Em resumo, a
adoração da Śakti leva a transcendência do plano terreno, bruto e a união com a
energia cósmica.
Na
tradição tântrica há oitenta e quatro siddhas e sessenta e quatro yoginīs,
que são os mestres da arte tântrica, a ciência tântrica.
O śākta-tantra somente se inicia em nosso sādhanā quando reconhecemos
a mulher como Mestre Supremo, como o verdadeiro canal da energia cósmica. Esta é uma tradição muito antiga. Na Índia antiga,
mais especificamente na Índia tântrica, as mulheres sempre foram consideradas
em alta medida na posição mais elevada da sociedade. Posteriormente, com as migrações
e convulsões políticas, o sistema matriarcal do Tantra caiu na clandestinidade
e deu-se início ao sistema patriarcal tântrico.
Swāmi
Śivananda era um saṃnyāsin da tradição de Śaṅkarācārya, no qual o Vedānta
é o tema principal. Todavia, ele inspirou muitos discípulos reviverem a antiga
ciência do Śrī Vidyā. Para que essa tradição pudesse ser revivida, foi necessário
começar a iniciar mulheres na tradição saṃnyāsa. Sua discípula, Swāmi
Vidyāmba Saraswatī foi a responsável pelo renascimento do Tantra de Ṣoḍaśī. As
sacerdotisas ou swāminīs que pertencem a esse grupo são chamadas de yoginīs.
O
Tantra é uma tradição muito pura. Existe o «tantra-tamásico», o «tantra-rajásico»
e o «tantra-sattvíco». Todos buscam pelo tantra-tamásico, pois a mentalidade da
grande maioria é tamásica. Todos querem controlar, ter poder, manipular outras
pessoas, influenciar suas atitudes e pensamentos. Portanto, na maioria dos livros
sobre Tantra disponíveis no mercado encontraremos apenas o aspecto tamásico do
Tantra ou a magia a ele associada, muitas vezes considerada negra, mas há
aqueles que a consideram branca. Isso não importa. O que define a magia é
aquele que a pratica. Magia é ciência e se suas leis forem respeitadas,
resultados ocorrem. De uma maneira ou de outra, quando a magia é associada ao
Tantra, considera-se este aspecto tântrico como sendo tamásico.
No
tantra-rajásico o foco está no indivíduo. O praticante tem que controlar os
diferentes elementos e superar os instintos de sua natureza mais densa. Este aspecto
do Tantra é difundido e conhecido, mas este não é o verdadeiro Tantra. O verdadeiro
Tantra é o tantra-sattvíco no qual a entrega em fé ou o render-se ao Divino desempenha
um papel fundamental. A prática das yoginīs é o tantra-sattvíco.
O
tantra-sattvico é o da mais alta categoria e possui a força e o poder para nos
liberar completamente do ciclo de nascimento e morte. Depois que proficiência
foi adquirida na prática do tantra-sattvíco não há retorno, há apenas mokṣa.
A tradição tântrica é única, preciosa e muito sistemática. É pura, simples e desenvolve
a natureza da inocência. É necessário abandonar o ego completamente. É
necessário abrir mão da individualidade completamente a fim de identificar-se
com a Śakti. Por isso, este sādhanā é dos mais difíceis.
como se aprende esse tantra sattvico aqui no brasil e aonde.
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