Swāmi Satyānanda Saraswatī
Texto extraído dos livros «A
Systematic Course in the Ancient Tantric Techniques of Yoga and Kriya», Yoga
Publications Trust, 2004 e «Meditations from the Tantras», Yoga Publications
Trust, 2005.
As práticas curtas de
relaxamento são essenciais na indução do estado de repouso e a revitalização de
todo complexo corpo-mente. Durante a prática do relaxamento, podemos
experimentar mais clareza e serenidade. Neste momento, somos capazes de olhar a
vida com maior lucidez. Quando estamos relaxados nos tornamos capazes de
superar as situações que normalmente fariam nosso sangue subir. Concluímos que
nosso vizinho, que alguns minutos atrás nos causou grande transtorno, não é,
afinal, má pessoa. Quando estamos relaxados enxergamos as mesmas situações, mas
sob nova luz. A luz da consciência. O entendimento deste processo auxilia de
forma positiva as mudanças em nossas vidas. Podemos ver com clareza os
problemas que nos causam desconforto com impunidade. Portanto, mesmo alguns
minutos de relaxamento consciente podem ajudar a modificar nossa vida, nos
conduzindo efetivamente em uma direção mais harmoniosa.
Mas isso apenas arranha a
superfície do problema da tensão e a inabilidade em relaxar. A raiz do problema reside na mente. A
causa do problema reside nos conflitos e medos que se encontram enterrados no
subconsciente e cuja natureza nós desconhecemos. Todos nós sentimos como a
tensão pode provocar quedas emocionais em nossas vidas. Nós experimentamos o
resultado sem saber realmente a fonte do problema. A infelicidade, o mal-estar
e a tensão são certezas experimentáveis. A razão pelas quais elas existem não.
Não importa o que as
pessoas digam, existe apenas um método para se eliminar estas impressões (saṃskāras) que transformam a vida em uma
tormenta miserável na maior parte do tempo. O
método é conhecer a mente. Temos de explorar nossa mente e ficar face a
face com estas impressões subconscientes. E isso requer tempo e esforço. O
homem não concebe a si mesmo explorando ou conhecendo sua mente, pois isso
exige um relaxamento físico e mental. Isso é importante para que possamos
desatrelar nossa consciência do ambiente exterior e dos problemas sem
importância, dirigindo assim a consciência para o interior. O homem cultiva tantos problemas mesquinhos que
sua consciência permanece envolvida em preocupações, ansiedades e distrações
inferiores. É um círculo vicioso: ele tem tantas tensões mentais que geram
cansaço e estresse que se torna impossível que ele explore sua mente a fim de
remover os problemas mais profundos que, na realidade, são a causa raiz de
perturbações que impedem a exploração da própria mente. Existe uma maneira de
sair deste dilema? Sim, e este é o tema de nossa discussão.
É um método que, a
princípio, pode parecer um código de conduta moralista ou até mesmo doutrinário.
De qualquer forma, entenda que este é somente o meio para atingirmos a meta.
É um método para se induzir um estado maior e mais profundo de relaxamento na vida, na mente e no corpo para que
possamos iniciar a exploração das camadas mais profundas da mente a fim de remover a causa raiz da tensão.
É um método que provê fundações firmes para as práticas meditativas que iremos
abordar no curso do livro. Ele é tão simples, para explicar pelo menos, que
muitas pessoas não lhe dão o devido valor. É claro, para colocá-lo em prática é
um pouco mais difícil. Neste método, o praticante tenta, conscientemente, invalidar tensões negativas criadoras de
pensamentos com pensamentos que conduzem a uma vida mais harmoniosa e relaxada.
Vamos clarear tudo isso com um exemplo. Imagine que você foi levado a acreditar
que todo esquimó é impiedosamente violento. Por causa disso, toda vez que você
vê um esquimó ou uma foto de algum esquimó, sofre um tipo de choque emocional
que gera tensão em sua mente. Mas se olhar esta situação com certo grau de aprofundamento e conscientemente começar a
desenvolver a ideia de que o esquimó é um ser humano, não muito diferente de
você, então começará a reduzir a tensão que surge em sua mente toda vez que ver
um esquimó. Este é só um exemplo e certamente não é o melhor, pois os problemas
que geralmente são a causa raiz de toda perturbação são de natureza mais
pessoal. Entretanto, este método não irá resolver a causa do conflito no que
concerne o esquimó, pois esta reside no subconsciente. Mas o desenvolvimento
desta atitude consciente irá ajudá-lo a relaxar mais, o capacitando a explorar
sua mente e eventualmente remover o problema. Para dar certo, este método precisa ser aplicado em todos os aspectos
da vida. Com certeza essa mera intelectualização apenas arranha a
superfície da importância e significado do método, mas com certeza ele é um
auxiliar valioso que lhe capacitará atingir estágios mais profundos de
relaxamento e portanto proporcionará as condições necessárias para que você
remova as impressões subconscientes.
Lembre-se sempre:
relaxamento é a porta para saúde, felicidade e consciência elevada.
Nosso computador mental
Vamos discutir alguns
aspectos do cérebro que se relacionam com a maneira de como interagimos com as
pessoas e o mundo ao nosso redor e como nós habitualmente nos tornamos tensos
ou relaxados. A sua cabeça é a morada do mais incrível computador que já
existiu, o cérebro. Ele é um biocomputador de tamanha complexidade, muito além
dos limites já sonhados. Estimativamente, ele possui de dez a trinta bilhões de
células, conhecidas como neurônios, e um incontável número de interconexões
entre elas. O trabalho deste computador é receber, armazenar, comparar,
analisar e dirigir todas as informações que recebemos do corpo e do ambiente
que nos cerca através dos órgãos dos sentidos: ouvidos, pele, olhos, nariz etc.
O cérebro possui as
memórias de experiências passadas, os conselhos de nossos antepassados, nossos
professores, amigos e todos aqueles com quem tivemos contato e interagimos até
o presente. Estas experiências determinam como reagimos a diferentes situações
na vida. A todo o momento, informações do ambiente interno e externo são enviadas,
via impulsos nervosos, ao cérebro. Uma parte particular do cérebro chamada
sistema límbico compara estas informações que chegam com experiências passadas
armazenadas na memória do córtex cerebral. Sob a luz destas memórias, nós
respondemos a estas informações de maneira fixa e programada. Em outras
palavras, a resposta de nosso complexo mente-corpo as situações da vida é
determinada por condicionamentos mentais previamente armazenados.
Se as situações que
encontramos na vida não contradizem estas experiências armazenadas, então não
sofremos nenhum tipo de tensão mental ou emocional. Se, contudo, as informações
que estão chegando do ambiente ao nosso redor não são adequadas aos padrões de
nossas memórias, o sistema límbico começa a criar a tensão. Somos programados
para viver em um estado de tensão que sempre estamos preparados para as situações
mais anormais. A violência e a tragédia passam a ser normais. Na medida em
que continuarmos condicionados a reagir perante todas as questões da vida,
continuaremos a ver ameaça em tudo. O medo e a raiva continuarão a existir.
Existirá um estado de tensão mental e emocional!
Portanto,
é necessário que modifiquemos nossa programação mental. Dessa forma,
informações que não são familiares a nossa memória não colocarão o sistema
límbico para funcionar automaticamente. Quando isso acontecer, estaremos mais
relaxados e aproveitando melhor a vida.
A maioria de nossas
reações na vida estão conectadas as memórias do subconsciente trazidas desde a
infância: medo de estranhos, do escuro, de insetos etc. Estas memórias são condicionamentos mentais que afetam nosso
sistema límbico, fazendo com que fiquemos tensos sempre que encontramos
problemas que não se ajustem aos nossas concepções
mentais. Um dos maiores complexos que o homem moderno tem é o medo da falha, a ânsia pelo sucesso.
Toda pessoa sente que tem de ser um grande sucesso ou irá perder o respeito de
seus amigos, de sua família e por si mesmo. Este medo é só uma resposta programada. Talvez seus pais e
educadores tenham lhe ensinado que somente as pessoas valorosas são aquelas que
fazem. Como resultado ele é
continuamente aterrorizado pelo medo da falha. Toda situação que encontra na
vida e cada pessoa que conhece se torna um desafio, pois tem medo de falhar. Portanto, cada situação
vivida se torna uma espécie de emergência
mental, o que o transforma em uma pessoa cada vez mais tensa. É apenas
quando encontra seus amigos, aqueles que nunca irão lhe apresentar perigo de
falha, que se sente livre e relaxado. Este tipo de programação só existe por
nossa falha no mecanismo do pensamento
e na educação mental que estamos
dando a mente.
Tensão: consequência da programação mental
Assim, um dos maiores
problemas do homem é que a maioria das situações que ocorrem em sua vida
raramente estão em concordância com seus condicionamentos mentais. O resultado
é que o sistema límbico esta continuamente criando respostas de estresse mental
e emocional. A tensão se torna parte normal
da vida. Não é a mente que está falhando, mas as estreitas limitações do
programa mental que está causando o problema. O programa é inadequado.
Nossa
atitude perante a vida depende de nossa mente. Um estado mental inadequado e
limitado leva a um contínuo conflito com o meio ambiente e com nós mesmos. O resultado é a infelicidade e o estresse, geradores da
tensão. Um programa mental real, que
expanda os limites da mente – ao invés de restringi-la – leva a uma interação
harmoniosa com o meio ambiente e com nosso interior, o que nos traz conforto,
felicidade e um estado maior de relaxamento. Nossa vida pode ser uma expressão
de bem-aventurança ou de pavores duradouros. Tudo depende do conteúdo da mente. Estamos completamente
a mercê da mente? Sim, estamos! Mas ao mesmo tempo temos a habilidade de tirar
os conteúdos da mente que causam devastação em nossas vidas. Nós podemos trocar
o programa mental ou reprogramar o que já existe removendo todo restolho. Tudo
o que se requer é um ardente desejo pela reorientação da vida sob uma nova
perspectiva, transformando este desejo em esforço pessoal.
Explorando a mente, se
deparando com seu conteúdo mais profundo, é possível limpar a sujeira
depositada durante anos. Mas para que esta exploração possa ser executada
efetivamente, é necessário cultivar certo nível de relaxamento na vida. Quando
relaxamos perante as trivialidades da vida rapidamente conseguimos adquirir o
relaxamento necessário para dirigir a consciência para o interior. O método inicial para se adquirir certo grau de relaxamento é tentar, conscientemente,
reescrever o programa que condiciona a mente.
Auto-identificação
Este tópico é importante
porque ele coloca ênfase sobre a reidentificação
necessária que precisamos ter em relação a nós mesmos e ao mundo que nos cerca.
Muita infelicidade acontece em nossas vidas porque nos identificamos com nosso
corpo, nossa mente, nosso trabalho e tudo o que nos cerca. Nos identificamos
com a faceta transitória da existência ao invés de nos identificarmos com
aquilo que é permanente e imutável, i.e. o âmago de nossa existência. Na
medida em que nos desassociamos dos aspectos negativos da vida, do corpo e da
mente, aceitando-os como meras manifestações de nosso Ser, então a meditação se
tornará um processo contínuo e espontâneo. Até mesmo o mínimo de desapego
aos aspectos negativos da vida e do complexo corpo-mente nos auxiliará a obter
experiências meditativas genuínas, pois estaremos livres dos condicionamentos
que impedem a meditação como os distúrbios corporais, emocionais e mentais. Quando
todo o complexo corpo-emoção-mente estiver aquietado, a meditação ocorrerá
naturalmente, um processo simples, natural e automático.
É estranho notar que
quando uma pessoa pergunta a outra o que ela é, a resposta será: eu sou um médico, eu sou um bombeiro hidráulico, eu
sou dona de casa ou eu sou jogador de
futebol. As pessoas respondem de maneira distinta, de acordo com aquilo que
fazem ou consideram importante na vida. Uma mulher poderá responder que é
mãe, esposa e que pratica datilografia. Nenhuma destas respostas responde a
pergunta, pois são caracterizadas pelo que as pessoas fazem e não pelo que elas são.
Esse tipo de
identificação pode trazer muita infelicidade. Por exemplo, considere a mãe.
Quando seu filho cresce e deixa o lar, muita dor, tristeza e desconforto são
gerados no coração dela. Isso ocorre porque a mulher se auto-identificou como
mãe. Vamos ver outro exemplo. Considere um ator. Ele cuida de sua imagem, de
sua voz e está permanentemente engajado na realização de sua profissão através
de suas boas atuações. O corpo e voz são ferramentas essenciais para que ele
cumpra com destreza a arte de atuar. Todavia, o tempo passa. O corpo já não é
tão saudável e esbelto como antes. A voz já não tem o mesmo tom. Na medida em
que não consegue utilizar suas ferramentas de trabalho apropriadamente por
conta de seu envelhecimento natural, inicia-se o processo da depressão e
infelicidade. O conceito que tinha sobre si mesmo já não é o mesmo. Sua auto-identificação
com os fenômenos transitórios pode levá-lo a uma crise emocional ou até mesmo o
suicídio. Mas esse é só mais um exemplo da auto-identificação que acomete
todos, sem exceção: médicos, encanadores, donas de casa etc., pois estas não
são realidades permanentes. Uma auto-identificação excessiva pode causar
distúrbios emocionais graves. A identificação com o corpo, a mente e as emoções
é algo muito comum e geralmente assumimos essa identificação como verdadeira,
real. Por exemplo, alguém diz: eu estou
com sede. Essa afirmação comumente não vem carregada da compreensão de seu
real significado. Não é concebível que o Eu
(o Ser) atue como a auto-identificação. Ademais, o eu da afirmação se refere ao fenômeno temporal, i.e. o corpo
físico. A afirmação correta deveria ser: meu
corpo está com sede. Desta maneira estará implícito que o corpo é apenas
uma manifestação temporária do Ser mais refulgente, o núcleo mais profundo da
existência.
O mesmo se aplica a
nossas emoções e pensamentos. Nós dizemos: eu
estou com raiva ou eu estou deprimido
etc. Na realidade é o sistema emocional da mente que sente estas coisas. São
estados emocionais temporários que desaparecem na mesma velocidade que surgem.
Em um dado momento sentimos muita amizade por uma pessoa, em outro sentimos uma
profunda inimizade. Estes não são estados permanentes, mesmo que na maior parte
do tempo estejamos identificados com suas manifestações. Podemos dizer: eu penso isso ou eu penso que o céu é azul, e embora não seja realmente o Eu (o Ser) que pensa, é a mente e ela
está mudando sempre, todo dia. Já que estes estados não são permanentes, como
será a realidade permanente que é o Ser? Um dia nossa mente pensa de um jeito,
no outro dia está pensando completamente diferente. Isso ocorre porque ela está
em um constante estado de fluxo. Como
nós nos identificamos com a realidade permanente? O que devemos fazer é dizer minha mente pensa ou minha mente sente, pois a mente não é o
Ser, o verdadeiro Eu.
Nós possuímos a
habilidade de observar a mente e o corpo. Como algo que observamos pode ser
nossa verdadeira identidade? Existe algo além que está observando. O corpo e a
mente são apenas instrumentos da ação, da percepção, da cognição. Nada mais.
Nossa real identidade, o Eu
verdadeiro, é o centro de nossa consciência. É o Ser real que ilumina e
testemunha tudo o que fazemos na vida. Ainda que este Eu real seja o núcleo de
nossa existência, nossa essência mais íntima, poucos de nós operam ou se
identificam com Ele. Como explicamos anteriormente, muitos de nós nos identificamos
com suas manifestações e os instrumentos pelos quais essas manifestações
ocorrem, a mente e o corpo. Se nós agíssemos a partir do Ser, se
identificássemos o Ser como nossa verdadeira identidade, então seríamos capazes
de usar o complexo corpo-mente em sua máxima capacidade. A mente e o corpo
estariam capacitados a trabalhar no máximo de sua eficiência. Nós seríamos
saudáveis, pois não impediríamos as funções do corpo e da mente pelos complexos
e ansiedades. Do ponto de vista da identificação com o Ser Interior, a
meditação deveria ser uma atividade espontânea.
Como uma pessoa começa a
operar a partir do centro de sua consciência, o Ser real? Esse é o objetivo
principal do caminho espiritual. É um caminho longo e árduo, e segui-lo é a
única chance de irmos em direção a âmago do Ser. Como explicamos anteriormente,
até mesmo a mínima identificação com o Ser e a dissociação do complexo
corpo-mente e suas atividades triviais é uma realização que cultiva
experiências meditativas excepcionais. A meditação em si é um poderoso
instrumento que nos leva em direção ao centro de nossa existência.
O
primeiro ponto a ser compreendido é que as ações na vida são apenas um papel e
você o executor. É como o exemplo do
ator. As ações não representam o Ser Interior, sua verdadeira identidade. Elas
são apenas manifestações. Isso não quer dizer que você deve parar de cumprir
com suas obrigações ou de interagir com o mundo. O que irá mudar é o ponto de
vista. Você passará a agir como um ator. Dessa maneira estará capacitado
a testemunhar suas ações e como você às executa. Verá o Ser Interior como se
estivesse em uma audiência, ao mesmo tempo em que observará o complexo
corpo-mente atuando a parte deste processo.
O
segundo ponto a ser compreendido é que você não é o corpo e nem suas sensações,
você não é suas emoções e nem o seu intelecto, você não é sua mente e nem as
suas interações com o mundo. Primeiro, isso deve ser
realizado em um nível intelectual, mas com a prática você irá parar de se
identificar com estes aspectos manifestos de si mesmo e conhecerá sua
verdadeira natureza mais íntima que, a parte do todo, são a natureza manifesta
e imanifesta de Deus.
Reprogramando a mente
Isto é definitivamente
possível, pelo menos em certa medida. O conteúdo de nossa mente se deve as
interações que tivemos com nosso meio ambiente desde o nascimento. Nosso
programa mental tem sido escrito em resposta as situações que enfrentamos na
vida. Ele está continuamente sendo atualizado e modificado sob a luz das novas
experiências. Neste sentido, é possível influenciar a direção de nossa mente
conscientemente desenvolvendo atitudes como as que sugerimos a seguir. É
claro, por este método não é possível remover impressões profundamente
aterradas. Estas somente podem ser removidas ou neutralizadas pela exploração
profunda da mente através das técnicas meditativas. O processo de
desenvolver conscientemente atitudes positivas perante a vida é o passo inicial
para total limpeza da mente. Isso sim traz relaxamento profundo e vida
nova. A escolha é nossa: podemos fazer a diferença agora fazendo deste mundo um
céu na terra ou permanecermos como estamos.
Códigos para reprogramação mental
Os códigos que delineamos
abaixo não são moralistas. Eles são meios para se atingir um fim. Para
reiterar, eles são sugestões para que você comece a alterar conscientemente sua
atitude perante as situações da vida. Eles têm o objetivo de fazê-lo relaxar
profundamente para que possa explorar sua mente através das práticas
meditativas, desenterrando os aspectos mais negativos de sua natureza mental.
Supostamente, estes
códigos não irão alterar seu estilo de vida. Não force nada. Apenas se preocupe
em lembrar destes códigos durante seu dia-a-dia, de modo que alguma mudança
aconteça de dentro para fora.
Código 1
Faça um esforço para
aceitar todas as pessoas como elas são. Tente não vê-las como meros objetos
para que você possa atingir sua meta. Tente aceitar as pessoas em concordância
com o condicionamento mental delas. O que você vê nelas é apenas uma
manifestação de seu programa mental. Neste sentido, elas não são diferentes de
você, exceto pelo programa que há em suas mentes. Você se encontra consciente
agora da sua dependência de seus
condicionamentos mentais. Talvez os outros ainda não tenham percebido isso. De
qualquer maneira, na medida em que começa a aceitar os outros, gradativamente
os outros lhe aceitarão como é. Ria de si mesmo, de seu comportamento e de suas
palhaçadas.
Código 2
Aceite a si mesmo.
Perceba que suas ações são o resultado de sua maquiagem mental. Por esta razão, não se preocupe com suas
deficiências e problemas. Aceite suas limitações. Mas ao mesmo tempo sinta a
necessidade de limpar a mente de seus conflitos. É a inabilidade de aceitar a
nós mesmos que causa angústia na vida.
Código 3
Observe suas reações
habituais a pessoas e lugares. Observe como o seu apego aos acontecimentos do
exterior lhe causam descontentamento. Tente reduzir a necessidade que possui de
procurar a felicidade nas trivialidades da vida. Não que você não tenha que se
envolver com o mundo, pois isso resultaria em supressão, o que causa tensão. Se
algo acontece e você não atinge a meta esperada, aceite a situação com
desapego.
Código 4
Esteja consciente de suas
maiores necessidades, apegos, desejos etc. Seja o mais crítico possível. Um
método eficaz para descobrir seus apegos mais profundos é traçar a causa raiz
de sua raiva, de sua infelicidade, dessa maneira irá encontrar a causa mental
ou emocional que o perturbou. Mantenha atenção nas reações que sente ao ver
pessoas que não gosta. Estas pessoas de que não gosta irão ajudá-lo, por este
processo de aprofundamento, a reconhecer e eventualmente remover o problema.
Veja tudo e todos como professores.
Código 5
Viva no agora. Não viva
no passado se preocupando com o que aconteceu ou revivendo experiências
prazerosas. Não antecipe o futuro. Planos podem ser feitos, mas faça dos planos
extensões do presente, não como acontecimentos futuros. Tente viver cada
momento devotando toda sua atenção ao agora. Dessa maneira você começa a viver
plenamente. Quando fizer alguma coisa, de se vestir a se alimentar, de varrer o
chão a meditar, tente não pensar em quando irá terminar. Aproveite de cada
atividade a cada segundo que a executa. Sinta que você existe e que cada
expressão de sua existência se mostra nas suas atividades.
Código 6
Não se identifique
completamente com suas ações, com seu corpo ou sua mente. Mesmo que esteja
lutando para mudar sua mente, ela é só um aspecto seu. Ela não é sua consciência
– a testemunha que vê todos os eventos que ocorrem em sua vida. Temos a
tendência de nos identificar com a mente e com o corpo. Nos esquecemos que é a
consciência que brilha atrás de tudo o que fazemos. Na medida em que
purificamos o corpo e a mente começamos a ver e a identificar nós mesmo com
esta consciência.
Código 7
Tente ser mais aberto a
outras pessoas. Expresse seus sentimentos mais profundos o máximo que puder.
Quando tentamos ser o que não somos, quando tentamos impressionar as pessoas e
quando nós ocultamos nossos sentimentos mais profundos, imediatamente
experienciamos tensão mental. Isso intensifica o sentimento de eu contra o mundo.
Código 8
Lembre-se que todas as
pessoas são capazes de adquirir altos níveis de consciência. Todas as atitudes
do homem em relação ao meio ambiente e em relação a si mesmo estão conectadas
ao seu programa mental. Seu presente estilo de vida é temporário e ele irá
mudar e se tornará mais harmonioso na medida em que o homem começa a
compreender a si mesmo. Todos nós temos um potencial oculto pronto para ser realizado. Tente ver este potencial em
todas as pessoas, não importando o quão difícil isso possa ser.
Código 9
Não evite situações
difíceis. Normalmente, tentamos viver nossa vida da maneira que possamos interagir
o mínimo possível com pessoas que não gostamos. Tentamos sempre nos associar a
pessoas que estão em concordância com nossos padrões mentais. Neste caminho
vivemos de maneira a satisfazer e reforçar as atitudes que dificultam nosso
despertar. Trate as dificuldades e as pessoas de que não gosta como grandes
professores. São estas pessoas e dificuldades que irão lhe mostrar de forma
clara como seu programa mental opera. São estes inimigos os responsáveis por desenterrar conflitos emocionais e
padrões mentais. São poucas as pessoas que estão conscientes de seu programa e
condicionamentos mentais. Na medida em que os reconhecemos, podemos lidar
melhor com eles.
Código 10
Tente se colocar no lugar
de outras pessoas. Ao invés de reagir cegamente conforme seus padrões mentais,
tente ver o ponto de vista do outro. Lembre-se sempre: sua reação é puramente
automática.
Tradução livre de FernandoLiguori.
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