Fernando Liguori
Você
é o mais antigo ṛṣi nascido, o regulador do universo através do poder de ojas.
Ṛg-Veda, VIII: 6.41
O Yoga é um processo alquímico de equilíbrio e transformação das
energias da psique. Para que isso ocorra, precisamos compreender como estas
energias trabalham de uma forma prática. Neste texto, vamos adentrar em um
nível mais profundo dos doṣas no que
concerne a prática do Yoga. Vāta, pitta e kapha possuem
contra-partes sutis chamadas de prāṇa,
tejas e ojas que podem ser chamados de as
três essências vitais. Essas são as raízes ou as formas primordiais de vāta, pitta e kapha que controlam
o funcionamento psicofísico ordinário e, se reorientadas de maneira apropriada,
energizam os potenciais espirituais elevados. Não são apenas forças do corpo
físico, mas dos corpos sutil e causal também.
Prāṇa, tejas
e ojas são as formas benéficas ou
essenciais de vāta, pitta e kapha, sustentando-os vitalmente. Diferentes dos doṣas, que são fatores de doença, eles
promovem saúde, criatividade e bem-estar, promovendo o suporte para as
profundas práticas de Yoga e meditatção.
·
Prāṇa (força de vida primordial) – que significa energia ou força
vital, cujo veículo é a respiração, como vāta,
é a energia do ar, mas em uma forma sutil. Representa a habilidade de
movimentar os pensamentos e percepções. É a força mestre que guia a
inteligência por detrás de todas as funções psicofísicas. Responsável pela
coordenação da respiração, dos sentidos e da mente. É responsável também pela
expansão e harmonização dos elevados estados de consciência.
·
Tejas (radiância interna) – que significa fogo ou brilho – como pitta, é a energia do fogo ou digestão,
mas em sua forma sutil, como o poder de digerir idéias ou emoções. É a
vitalidade através da qual digerimos impressões e pensamentos. Governa a
expansão de todas as elevadas capacidades de percepção.
·
Ojas (vigor primordia) – que significa força subjacente – como kapha, é a energia da água em sua forma
sutil, como o fluído essencial da reserva de energia de toda a estrutura
psicofísica ou a capacidade fundamental da paciência, tolerância e
persistência. É a energia sutil da água armazenada como essência vital
internalizada da comida digerida, água, ar, impressões e pensamentos.
Estas três forças se relacionam. Prāṇa
e tejas estão enraizados em ojas e podem ser considerados aspectos
de ojas. Tejas é o calor e a energia luminosa de ojas que possui uma qualidade oleosa e, como ghee (manteiga clarificada), pode alimentar a chama. Prāṇa é a energia e a força que vem de ojas após ele ter sido aceso em tejas. Ojas, apropriadamente, é o potencial, a resistência da mente e do
sistema nervoso em manter tejas e prāṇa. Ojas tem a capacidade de se transformar em tejas (calor), que possui a capacidade de se transformar em prāṇa (eletricidade).
Prāṇa, tejas
e ojas assemelham-se ao conceito de chi, yin
e yang da medicina chinesa. Prāṇa, como a força de vida e alento
cósmico, é como o chi primordial, que
também está relacionado ao vento e ao espírito. Tejas, como o poder da vontade e o vigor assemelha-se ao yang primevo, a forma primordial do
fogo. Ojas, como resistência e força,
assemelha-se ao yin original, a
essência da água.
A regra principal no tratamento ayurvédico
é evitar que qualquer um dos doṣas se
agrave, pois em excesso eles causam doença. O doṣa predominante em nossa constituição tende sempre a se agravar e
é preciso contê-lo através de um estilo de vida apropriado. Isso é conquistado
seguindo uma dieta adequada, ervas, exercícios e meditações capazes de conter o
doṣa agravado.
Portanto, na prática do
Yoga uma nova regra entra em vigor. O yogī procura elevar o caudal de prāṇa,
tejas e ojas. Como estas são as
formas puras dos doṣas, elas não
possuem o mesmo poder de causar a doença. Essas três essências vitais só causam
problemas se uma é elevada em proporções muito maiores do que as outras. Elas
são basicamente energias benéficas cujo objetivo é a renovação e a
transformação. A questão é: como mantê-las crescendo de forma equilibrada de
maneira que seu desequilíbrio não nos cause problemas?
O aumento de prāṇa provê
entusiasmo, criatividade e a adaptabilidade necessária para se percorrer o caminho
espiritual, pois sem ele perdemos energia e motivação para executar as nossas
práticas (sādhanā). O aumento de tejas provê coragem, intrepidez e insight necessário para percorrermos o
caminho, pois sem ele tomaríamos decisões erradas, escolhas equivocadas e falha
na decisão do que precisamos fazer. O aumento de ojas provê paz, convicção e paciência para manter nosso
desenvolvimento consistente, pois sem ele perderíamos a estabilidade e a calma.
Enquanto estes fatores forem insuficientes,
nosso crescimento espiritual será limitado. Eles aumentam a saúde na mente
e no corpo, auxiliam no tratamento de todas as doenças, particularmente as
crônicas por natureza, e promovem o rejuvenescimento.
As funções de prāṇa,
tejas e ojas
Para entender estas três forças, vamos examinar como elas atuam em
diferentes aspectos de nossa natureza.
1. Sistema reprodutivo
Prāṇa, tejas
e ojas são alimentados pelos fluídos
reprodutores que atuam como seu suporte no corpo físico. Eles são os três
aspectos do fluído reprodutor transformado (shukla).
Ojas é o estado latente do fluído reprodutor
que provê não somente o poder de reprodução, mas a força geral do sistema e
supre todos os tecidos corporais internos, particularmente o tecido nervoso. Ojas é o poder de suportar e a
habilidade de nos suster, não apenas sexualmente, mas através de todas as
formas de esforço, físico e mental.
Tejas é o estado ativo do fluído reprodutor
quando ele é transformado em calor, paixão e o poder da vontade. Isso ocorre
não somente na atividade sexual, mas a qualquer momento em que formos
desafiados ou quando precisamos nos manifestar em qualquer circunstância. Tejas nos dá valor, coragem e
intrepidez. No Yoga essa força é
necessária para nos capacitar na execução de tapaḥ (esforço, sacrifício ou ascese) na prática espiritual
transformativa. Prāṇa é a capacidade
criativa de vida inerente no fluído reprodutor. Este fluído rejuvenesce, dá
longevidade e estimula o fluxo de prāṇa
pelas nāḍīs, provendo muita energia
para mente. Sem uma reserva apropriada de
fluído reprodutor nos tornamos deficientes em prāṇa, tejas e ojas. Atividade
sexual excessiva ou degenerada esgota estas três forças.1
2. Sistema endócrino
Prāṇa, tejas
e ojas também se relacionam com o
sistema endócrino. Prāṇa governa o
equilíbrio, a adaptabilidade e o processo de crescimento. As glândulas pineal e
pituitária, as controladoras do crescimento e da inteligência, são
predominantemente alimentadas por prāṇa.
É por isso que muitas desordens no processo de crescimento, como as pessoas que
são usualmente muito grandes ou muito baixas, têm problemas de tipo vāta (ar).
Tejas governa o metabolismo e a digestão. As
funções da tireóide e do pâncreas estão conectadas a Tejas. A maioria dos problemas metabólicos estão relacionados a
natureza de tejas. Ojas governa a reprodução, a reserva de
energia e é predominante nos testículos, ovários e na glândula supra-renal. A
maioria dos problemas do sistema reprodutor estão relacionadas a ojas. Ojas nos permite controlar o estresse através do suprimento de
adrenalina.
Prāṇa, tejas
e ojas dão energia ao sistema
imunológico. Ojas é a capacidade
básica do sistema imunológico, nosso potencial de defender a nós mesmos contra
patogênes externas. Ojas provê a
resistência, sustentabilidade e força para nos protegermos das doenças.
Tejas é o sistema imunológico capaz de
queimar e destruir as toxinas quando ativado. Ele gera a febre que o corpo
produz na destruição das doenças que o atacam. Tejas é a capacidade de superarmos doenças agudas, que são
geralmente infecciosas por natureza. Tejas
é ojas convertido em calor, tepidez e
vitalidade. É a habilidade de mobilizar as forças de nosso sistema imunológico.
Prāṇa é o ativador real das funções
imunológicas que projetam e desenvolvem a energia de vida, que se manifesta
quando lidamos com doenças crônicas. É a adaptabilidade do sistema imunológico
e sustenta todos os processos de cura. Com um caudal suficiente de prāṇa, tejas e ojas nenhuma
doença pode se consolidar no corpo. Elevar o suprimento de prāṇa, tejas e ojas ajuda a todos nós aumentarmos as
condições imunológicas do corpo.
3. Sistema nervoso e as nāḍīs
O sistema nervoso é o sistema mestre que governa todos os outros sistemas
do corpo. As três essências vitais são responsáveis por seu bom funcionamento. Prāṇa governa a descarga e a coordenação
dos impulsos nervosos, que são forças prânicas de tipo vāta. Quando prāṇa está
descontrolado ou deficiente, ocorre hipersensibilidade, tremores e
desequilíbrios no sistema nervoso. Tejas
promove acuidade perceptiva. Quando em desequilíbrio, tejas queima o sistema nervoso, provocando inflamação no tecido
nervoso. Ojas provê resistência e
estabilidade ao sistema nervoso. É responsável pela lubrificação dos canais
nervosos. Colapso ou exaustão nervosa ocorre por falta de ojas no organismo.
Prāṇa, tejas
e ojas comandam também o movimento
dos impulsos através das nāḍīs. Ojas é o fluído que reveste as nāḍīs, suavisando o fluxo de energia
através delas. Tejas é o calor se
movimentando nas nāḍīs. Prāṇa é a energia produzida pelo calor
de tejas. A fim de protegermos as nāḍīs precisamos manter um caudal substancial
de prāṇa, tejas e ojas.
4. Respiração
As três essências vitais estão intimamente conectadas com a respiração
através do prāṇamaya-kośa. Prāṇa é a energia primordial e o
movimento da respiração, sua fonte propulsora e seu poder de ação. Tejas é o calor produzido pela
respiração, incluindo sua habilidade de vitalizar o sangue. Ojas é a energia profunda e essêncial
que absorvemos através da respiração e que estocamos profundamente no coração e
plexo solar.
Quando prāṇa encontra-se em
desarranjo, a respiração se torna superficial ou ansiosa. Quando tejas está em desarranjo, o calor da
respiração torna-se irregular e anormal. Quando ojas encontra-se em desarranjo, a absorção da energia através da
respiração torna-se ineficaz. Em outras palavras, nos tornamos incapazes de
manter e consolidar o prāṇa. Os
praticantes que estão enganjados em uma prática séria de prāṇāyāma-sādhanā devem observar as condições reais de prāṇa, tejas e ojas no
organismo.
5. Sentidos
Prāṇa, tejas
e ojas como poderes da mente operam
através dos sentidos. Prāṇa mantém o
equilíbrio e a coordenação dos impulsos sensoriais. É predominante nos ouvidos
(principalmente o sentido de audição interior) e na pele, cuja predominância é vāta (éter e ar). Tejas é responsável pela acuidade das percepções sensoriais e a
habilidade de digerir as impressões. É predominante nos olhos, cujo sentido é
tipo pitta (fogo). Ojas é responsável pela estabilidade dos
sentidos. É predominante na língua e nariz, cujo sentido é tipo kapha (água e terra).
6. Criatividade
Em um nível interior, prāṇa, tejas e ojas são instrumentos de criatividade. Ojas é a capacidade criativa latente, o armazém de energia
criativa. Tejas é a visão criativa, a
habilidade de sempre ver o novo e a capacidade de quebrar o velho
(principalmente na forma de paradigmas). Prāṇa
é a ação criativa que coloca o novo em movimento. A quantidade apropriada de ojas é necessária para nos dar uma boa
reserva de energia criativa. A quantidade apropriada de tejas serve para dirigir nossa energia criativa para fins e
projetos específicos. A quantidade apropriada de prāṇa mantém nossa criatividade móvel e transformativa. Sem uma quantidade
suficiente de prāṇa, tejas e ojas somos incapazes de realizar mudanças positivas na vida.
7. Mente e alma
Prāṇa, tejas
e ojas existem nos mais profundos
recessos da mente e na alma. A força prânica por trás da mente permite que ela
se movimente e responda, provendo sua energia básica. A força de tejas na mente permite que ela seja
perceptiva e determinada, provendo a ela iluminação e calor. A força de ojas na mente permite que ela seja
paciente, consistente e estável na aplicação de seu foco, de sua concentração.
Cada um deles sustenta determinado tipo de emoção. Prāṇa provê harmonia emocional, equilíbrio, entusiasmo e regozijo. Tejas provê coragem e intrepidez que nos
permite realizar ações heróicas ou extraordinárias. Ojas promove a paciência emocional, amor, calma e contentamento. Sem essas forças emocionais a mente
permanece instável.
Similarmente, existe prāṇa em
nossa consciência profunda que guia a alma através de todo o processo de
encarnação, criando e energizando suas várias corporificações. O tejas da alma é seu insight acumulado e sua sabedoria, a chama da aspiração espiritual.
O ojas da alma é o material através
do qual ela produz e sustenta todos os corpos. Estes níveis superiores de prāṇa, tejas e ojas residem com
a alma no coração, o último ponto de origem e fim. Os Vedas se referem à alma como prāṇa
ou tejas.
8. Kuṇḍalinī – a energia da Śakti
& Amṛta – a energia de Śiva
Em essência, a kuṇḍalinī se
desenvolve a partir de prāṇa, tejas e ojas, mas principalmente através de tejas. Como fogo interior, é a energia superior de tejas que desperta a força prânica ao
mesmo tempo em que encontra sustentação na força superior de ojas. A kuṇḍalinī como fogo sutil é uma forma de relâmpago ou força
elétrica em um nível interno.
A kuṇḍalinī como tejas é uma energia altamente feminina
ou yoga-śakti, o poder do Yoga, necessária para catalizar todos os
elevados potenciais superiores dentro de nós. Oposto a kuṇḍalinī está o amṛta ou
néctar que desce do cakra bindu e alimenta a kuṇḍalinī em sua ascensão. Essa
é a energia purificada de ojas no corpo sutil que é extraída e destilada
através das práticas espirituais. Ojas
é a energia masculina superior de Śiva que, através da resignação, cuidado e
proteção, cai na graça divina. Enquanto alguns experimentam o fogo ascendente,
outros experimentam a descida do néctar.2
A união de tejas (kuṇḍalinī) e ojas (amṛta) cria a forma
mais elevada de prāṇa, a energia
imortal de vida que a kuṇḍalinī
carrega, da mesma maneira que uma mãe carrega sua criança. Essa energia tem o
poder de criar samādhis elevados
necessários para dissolver os condicionamentos profundamente aterrados em nossa
consciência e que causam nosso apego ao ciclo de nascimentos e mortes. Esse prāṇa imortal é a criança divina ou
criança da imortalidade forjada pela forma mais elevada de tejas e ojas.
Este prāṇa mais elevado é o
poder ou a śakti de nossa
inteligência superior (buddhi) que
nos capacita a discriminar entre o eterno e o transitório, o divino e o
profano, provendo iluminação a alma. Sem essa energia sutil na mente, seja lá
qual meditação nós fizermos ou qual insight
nós ganharmos, não seremos capazes de mantê-lo ou consolidá-lo.
Aumentando prāṇa, tejas e
ojas
Prāṇa, tejas
e ojas podem ser desenvolvidos de
várias maneiras. Nós possuímos certa quantidade deles congenitamente, o que se
reflete na força inerente de nossa constituição, mas eles podem ser aumentados
por meio de várias práticas. Primeiro
eles precisam ser purificados (sattvicados) para que seus efeitos yogīs se manifestem.
Isso requer uma dieta pura e um estilo de vida dhármico, junto com o controle
da mente, emoções e sentidos, da maneira como o Yoga ensina. Em outras palavras, o estilo de vida yogī é o fundamento do trabalho com prāṇa, tejas e ojas.
Aumentando ojas
A quantidade de ojas no
organismo pode ser elevada através de várias maneiras, mas as seguintes são as
mais importantes:
1. Dieta adequada
2. Ervas tonificantes
3. Controle da energia sexual
4. Controle dos sentidos
5. Devoção (bhakti-yoga)
1. Dieta adequada
Ojas, como uma substância material sutil e
essência dos tecidos, requer como suporte material uma dieta adequada. Isso
envolve uma dieta vegetariana nutritiva com uso de grãos, sementes e nozes,
óleos, raízes vegetais e açúcares naturais. A forma bruta de ojas pode ser desenvolvida através de
produtos animais, mas eles são muito pesados e não possuem valor na busca
espiritual. Uma dieta sattvíca será esboçada no Módulo IV, com ênfase na
nutrição: grãos, lacticínios, sementes, nozes, óleos e frutas.
2. Ervas tonificantes
Ervas para ojas são
principalmente de natureza tônica e nutritiva, possuindo valor alimentar e de
potencial rejuvenescedor (que produzem soma),
como ashwagandha ou ginseng. Elas são geralmente ingeridas
junto com a alimentação. No Módulo IV abordaremos algumas ervas que aumentam a
energia física e a vitalidade da produção e fortificação de ojas.
3. Brahmacarya
O controle da energia sexual (brahmacarya)
significa, aqui, reduzir a descarga de fluído reprodutor.3 Isso é
crucial para o desenvolvimento de ojas
e pode ser realizado pela diminuição da atividade sexual. Em dimensões menores,
a atividade sexual pode ser praticada sem atingir o ápice do orgasmo, o tipo de
prática realizada por algumas tradições tântricas e taoístas. Só porque a
restrição sexual é difícil para nossa sociedade sexualmente orientada, não
podemos ignorar o seu valor no Yoga.
Não é uma questão de moralidade, mas de energia. Se nós descarregamos a energia sexual, que é a energia mais forte do
corpo, não teremos combustível (energia) suficiente para mantermos uma prática
disciplinada e dela tirar os proveitos necessários para nosso crescimento
espiritual. Mas nós podemos fazer isso através da aspiração espiritual para
que possamos sublimar essa energia. A
mera repressão não nos fará ir muito longe nesse caminho.
4. Controle dos sentidos
O controle dos sentidos requer a redução da quantidade de energia perdida
através da indulgência sensorial, o que inclui se abster das principais formas
de entreterimento, particularmente através da mídia de massa (indústria
cultural). Muita energia é perdida através dos olhos e ouvidos. Isso é parte da
prática de pratyāhāra (retração
sensorial). O uso excessivo dos órgãos motores também esgota ojas, particularmente falar demais.
Trabalho excessivo ou estafa de qualquer tipo deve ser evitada enquanto ojas está em deficiência.
5. Devoção
A devoção (bhakti-yoga) é a
melhor prática yogī para o
desenvolvimento de ojas. Isso significa redirecionar nossa energia
emocional para o interior pelo amor por Deus através de nossas muitas
interações. A devoção nos ajuda a controlar os sentidos e a sexualidade,
transmutando as emoções animalescas em sentimentos mais refinados. Isso pode
ser conquistado através de várias práticas devocionais como rituais de
adoração, orações, repetição dos nomes divinos, serviço a Deus ou ao guru.
Aumentando tejas
Uma vez que ojas seja
suficiente, podemos focar nossa atenção em tejas.
Tejas pode ser desenvolvido através
de:
1. Controle da fala e outras austeridades
(tapaḥ)
2. Mantra
3. Dhāraṇā
4. Yoga do conhecimento (jñāna-yoga)
1. Controle da fala
O controle da fala implica em se abter da conversa tola, sem objetivo e da
verborréia, tagarelice, bem como dos apontamentos críticos e abusivos. Períodos
de silêncio (mouna) são de muita
ajuda como não falar por um dia, uma semana ou todos os dias, durante os
períodos de reclusão e práticas pela manhã ou noite. Isso auxilia a desenvolver a energia interna do insight e nos ajuda a
conquistar um estado de testemunha – o draṣṭṛ interior – segundo Patañjali.
Outras austeridades como jejuns ou manter o estado de vigília durante a noite
são boas ferramentas no desenvolvimento de tejas
porque aumentam o fogo da determinação.
2. Mantra
Mantra é a forma superior de controle da fala
que desenvolve o fogo interior. A kuṇḍalinī
veste-se com a guirlanda de letras do alfabeto sânscrito, portanto, podemos
dizer que ela é feita de mantras. Existem muitas maneiras de se executar as
práticas mântricas. A repetição (japa)
de mantras e bīja-mantras, particularmente o Oṃ,
Hūṃ e o Hrīṃ. Mantras longos como
o gāyatrī ou o mahā-mṛtyunjaya-mantra são muito bons. O processo de utilização do mantra chama-se japa-yoga ou a prática de
repetição mântrica. Portanto, japa-yoga
faz parte da ciência do mantra-yoga.
Quatro estágios diferentes de repetição mântrica foram classificados: 1. baikharī, 2. upanśu ou madhyāma, 3. manasi ou paśyanti e 4. pāra.
Ø Baikharī ou repetição verbal é o estágio
inicial de japa-yoga. Quando o mantra é pronunciado verbalmente, deve
haver clareza de fala e entonação, concentração e consciência. A pronúncia
correta é muito importante. Se há intensidade, concentração e clareza na
prática, o mantra irá operar efetivamente
e irá alterar a estrutura da mente (atitude e comportamento mental). Isso se
aplica ao kīrtan também. Às vezes nós
fazemos modificações nos kīrtans que
estejam em concordância com a maneira que estamos mais acostumados a cantar.
Portanto, preste atenção no que se segue.
Baikharī pode ser realizado de cinco maneiras
diferentes, como se segue:
·
Repetição verbal e
contínua em voz alta;
·
Repetição verbal
conjugada com a respiração;
·
Repetição verbal
conjugada com a mālā;
·
Repetição verbal
conjugada com atividade física;
·
A prática de kīrtan, cantando e entoando mantras em diferentes tons ou ragas.
No primeiro método existe a repetição
verbal contínua em um tom estável desprovido de oscilações. Quando o mesmo mantra é cantado em coro, com diferentes
tipos de entonação, ele se torna um kīrtan.
O segundo método é a repetição verbal conjugada com a respiração. Nós não
podemos repetir o mantra enquanto
inspiramos, mas somente quando expiramos. Assim, a inspiração é normal e o mantra é entoado em voz alta enquanto se
expira. O terceiro método é a repetição verbal conjugada com a mālā. Essa prática é similar ao primeiro
método, a repetição verbal contínua, mas a consciência é fixada no movimento de
cada conta, o que mantém a mente alerta e a atenção no mantra. O quarto método é a repetição mental conjugada com
atividade física, que pode ser uma caminhada, o sentar-se pacificamente,
trabalhar no jardim ou na cozinha, viajar etc.
Ø Upanśu ou madhyāma
é o próximo estágio de japa-yoga. Upanśu significa som murmurante. Em baikhirī-japa
a repetição do mantra pode ser
executada em grupo ou solitariamente. Nestas duas situações o mantra é entoado
em voz alta. Contudo, se existem pessoas presentes na hora da execução do mantra que não entendem o que você está
fazendo ou que não têm a mesma disposição mental, então a entoação deve ser
murmurante. O murmúrio auxilia a manter a consciência no mantra quando a mente se introverte, mas ainda existindo alguma
atividade nela.
Upanśu-japa pode ser realizado de quatro maneiras
diferentes, como se segue:
·
Repetição murmurante
contínua;
·
Repetição murmurante
conjugada com a respiração;
·
Repetição murmurante
conjugada com a mālā;
·
Repetição murmurante
conjugada com atividade física.
Neste estágio, não há canto em grupo ou
kīrtan.
Ø Manasi ou paśyanti
é o estágio da japa (repetição)
mental. Manasi significa mental e paśyanti significa ver
através dos olhos da mente. Manasi-japa
pode ser realizado de cinco maneiras diferentes, como se segue:
·
Repetição mental
contínua;
·
Repetição mental
conjugada com a respiração;
·
Repetição mental
conjugada com a mālā;
·
Repetição mental
conjugada com a concentração em um símbolo;
·
Repetição mental
conjugada com escrita psíquica no cidākāśa;
·
Repetição verbal
conjugada com atividade física.
Estes são os cinco métodos de manasi-japa. A repetição mental
conjugada com a concentração em um símbolo, yantra,
imagem de deidade ou do guru. A repetição mental conjugada com escrita psíquica
no cidākāśa é raramente utilizada e
nos próximos módulos estudaremos essas práticas conjugadas. Aqui não ocorre a
visualização de símbolos ou yantras,
mas a forma escrita do mantra, seja
em caracteres latinos ou sânscrito, não importa. Neste processo você pode
escrever, por exemplo, Oṃ Namaḥ Śivāya
no cidākāśa enquanto repete o mantra mentalmente na medida em que a
visão se movimenta pelas letras que formam o mantra. A mente segue a repetição se concentrando nas letras
escritas no cidākāśa.
Ø Pāra ou repetição transcendental é o último
estágio de japa-yoga. Pratica-se pāra apenas de uma maneira: ajapa-japa (repetição contínua e
espontânea ou sem esforço). Ela freqüentemente ocorre quando interrompemos a
repetição do mantra conscientemente.
Em outras palavras, a repetição continua de forma involuntária na mente,
permanecendo nela, vibrando todo o tempo. Isso
ocorre quando o mantra energiza a mente pela sua repetição constante. Este
estado não é atingido apenas por mantras,
bījas etc., mas com kīrtan ou outra composição musical. A
vibração continua na mente, sem nenhum tipo de esforço consciente ou controle
mental por parte do praticante. A repetição torna-se como uma obsessão mental. Este é o aspecto do mantra conhecido como pāra-japa
e nós o experienciamos de acordo com a sensibilidade e o envolvimento de nossa
mente com o mantra. Estes são os
quatro estágios de japa-yoga.
3. Dhāraṇā
Exercícios de concentração (dhāraṇā)
envolvem o foco da mente em um objeto particular, que pode ser externo como a
chama da vela ou a imagem do guru ou interno, como a visualização de alguma
deidade ou elemento, idéia ou princípio dhármico. Concentração provê acuidade
mental e ascende o fogo interior. A concentração na luz interna na região do bhrumadhya (ponto entre as sobrancelhas)
é um importante método de se desenvolver tejas.
Aprender a direcionar o poder da visão ajuda nesse processo. É tejas quem permite que o terceiro olho, o
ājñā-cakra, desperte.
4. Yoga do conhecimento
O Yoga do conhecimento (jñāna-yoga) é de predominância ígnea,
particularmente a prática da inquirição, como a auto-inquirição. Essa prática
consiste em manter a consciência na constante indagação quem sou eu?, deixando passar todos os outros pensamentos. Tejas aumenta através do desenvolvimento
da discriminação (viveka), que
significa discernir entre o eterno e o transitório, entre a verdade imutável e
os nomes e formas sempre em transformação. Esse é o movimento fundamental da
inteligência superior (buddhi) na
medida em que ela desperta em nós como im insight
sutil.
Aumentando prāṇa
Uma vez que ojas e tejas tenham sido desenvolvidos, uma
forma superior de prāṇa pode ser
cultivada. O prāṇa é especialmente desenvolvido através do prāṇāyāma,
mas existem outros métodos que podem auxiliar no processo de cultivo dessa
energia mais sutil:
1. Prāṇāyāma
2. Meditações com ênfase no espaço e som
3. Pātañjala
Yoga
1. Prāṇāyāma
Prāṇāyāma desenvolve o prāṇa não somente em um nível externo, mas em um nível interno
também. Na medida em que a inspiração e a expiração se tornam equilibradas,
entramos em contato com o prāṇa interior.
Isso nós experimentamos como um sentido de luminosidade, expansão e ascensão da
energia. Contudo, prāṇāyāma pode ser
utilizado para desenvolver tejas e ojas e funcionar como elemento de
integração dessas três forças. Prāṇāyāma
gera calor, particularmente através da retenção da respiração, que aumenta tejas, que se relaciona ao fogo da
respiração (prāṇagni). Prāṇāyāma ajuda a transformar o fluído
reprodutor e as formas inferiores de ojas
em energias espirituais mais sutis. No Módulo V estudaremos mais sobre prāṇa e prāṇāyāma.
2. Meditação
Meditação no espaço ou vazio é outra maneira de se desenvolver prāṇa. Prāṇa nasce do espaço. Aonde quer que espaço seja criado, ali
existe prāṇa. A criação de um espaço interior (como p.e. o cidākāśa) cria um
prāṇa interno automaticamente. Uma forma de se gerar prāṇa é meditar sobre os sons internos (nāda-ānusandhāna), que surgem do espaço interior. O coração em si
mesmo é a região do espaço interior e a fonte primordial do som (nāda). Meditação no som e espaço no
coração (hṛdayākāśa-dhāraṇā) nos
conecta com o poder original do prāṇa.
3. Yoga da Atividade Meritória
O Yoga da Atividade Meritória (pātañjala-yoga) enfatiza a utilização do
prāṇa para acalmar a mente junto com
outras técnicas como mantra,
concentração e meditação. Prāṇa é a
força móvel da adaptabilidade da consciência gerado através de diversos métodos
meditativos. De acordo com o pātañjala-yoga,
os vṛttis ou movimentos da
consciência são controlados pelo prāṇa.
Portanto, através da manipulação do prāṇa
estabilizamos os movimentos da consciência.
Pātañjala-yoga é uma prática integral que combina
tanto o Yoga do conhecimento quanto o
Yoga da devoção. Portanto, sua execução
desenvolve prāṇa, pois este nasce da
união da sabedoria com a devoção. Assim, as práticas para ojas e tejas devem ser
executadas juntas. Por exemplo, as práticas de jñāna-yoga são muito boas pela manhã e as práticas de bhakti-yoga pela noite.
Mantendo prāṇa, tejas e
ojas em equilíbrio
Como estas três forças estão intimamente conectadas, todas as práticas
acima relacionadas ajudam a desenvolver as três. Um desenvolvimento integral de prāṇa, tejas e ojas, portanto, é a chave
para um equilibrado crescimento interior. Ojas não apenas provê uma
reserva forte de energia vital, ele também desenvolve força e maturidade de
caráter e estabilidade emocional. Ojas
cria o receptáculo necessário para manter prāṇa
e tejas que, de outra maneira, se
dissipam. Uma pessoa pode ter uma mente brilhante ou um coração
hiper-sensitivo, mas nenhum deles pode ajudar na senda espiritual sem a reserva
apropriada de ojas ou sumo vital para
suportá-los. Sem ojas, qualquer prática
yogī e meditativa quase não possui valor, pois elas não têm sustentação
adequada. Talvez, a primeira pergunta que um indivíduo supostamente
interessado na prática profunda do Yoga
deveria fazer é: será que tenho ojas o
suficiente para sustentar minha prática?
Prāṇa é mantido por ojas, que é seu condutor. Se nós aumentarmos prāṇa sem ojas, teremos
muita energia, mas não seremos capazes de mantê-la. Podemos ficar perturbados,
senão loucos. A mente e o sistema nervoso podem ficar completamente
transtornados. Tejas repousa em ojas, que é seu combustível. Se nós elevarmos
a capacidade crítica da mente, nosso poder de discriminação (tejas), sem aumentarmos ojas, literalmente queimaremos a nós
mesmos. O conhecimento espiritual somente
pode ascender se for alimentado com o combustível do amor.
Uma vez que ojas esteja em uma
taxa equilibrada no organismo, o praticante precisa desenvolver tejas para utilizá-lo. Isso requer
vontade, insight e discernimento:
escolhendo um caminho correto e seguindo-o consistentemente. Assim ele
desenvolve prāṇa, que nasce da união
de tejas e ojas. Uma vez que tenhamos uma correta estrututa e estejamos
seguindo o caminho certo, prāṇa nos
permite deslizar com suavidade pela caminhada.
Prāṇa, tejas e ojas e a
doença
Geralmente, qualquer excesso nos doṣas,
seja vāta, pitta ou kapha,
eventualmente irá debilitar prāṇa, tejas e ojas. Os doṣas, quando em
excesso, também impedem o desenvolvimento de suas formas sutis ou superiores.
Vāta agravado seca ojas assim como o vento seca a água. Ele enfraquece tejas assim como o vento oscila o fogo
ou o apaga. Também, vāta agravado
esgota o prāṇa. Quando vāta se forma como gás dissipado, a forma
sutil do prāṇa, que é como uma
fragrância refinada, não pode se formar.
Pitta agravado queima ojas, da mesma maneira que a chama consome o óleo que a alimenta.
Ele enfraquece o prāṇa da mesma
maneira que o calor e a febre exaurem a vitalidade. Pitta agravado prejudica tejas.
O doṣa pitta é a forma bruta de tejas que não pode ser convertida na
essência vital de tejas, da mesma
maneira que o óleo cheio de impurezas não pode produzir uma boa chama. Tejas é o valor e a coragem. Pitta agravado é a raiva e a paranóia. Quando pitta está agravado, as qualidades
superiores de tejas não se manifestam.
Quando tejas e prāṇa se elevam demais, podem prejudicar
ojas, mas isso não ocorre por muito
tempo, afinal estão destruído sua base, raiz e sustentação. Excesso de tejas é como uma grande chama que
consome seu combustível e depois perece sem alimento. É como o saldado em um
campo de batalha que com coragem dá tudo de si até se esgotar e voltar atrás
como um covarde. É diferente de pitta
agravado porque a exaustão de ojas
nesse caso não ocorre por toxinas em excesso, mas pelo uso excessivo da energia
positiva. Similarmente, uma pessoa com grande quantidade de prāṇa pode exaurir ojas por excesso de trabalho. Pessoas novas em particular podem ter
taxas elevadas de prāṇa ou tejas antes de ojas ser exaurido. Isso ocorre porque eles possuem uma boa
qualidade congênita de ojas para
usar.
Desordens profundas na vitalidade envolvem o desequilíbrio de prāṇa, tejas e ojas, o que afeta
os sistemas corporais – os sistemas reprodutivo e nervoso, os sentidos e a
mente. Isso inclui desordens no crescimento das crianças, envelhecimento
prematuro, problemas metabólicos, desequilíbrios hormonais, problemas no
sistema nervoso, alergias e a maioria das doenças degenerativas do câncer a
AIDS. Quando essas energias sutis estão em desordem, as funções físicas são
perturbadas em um nível profundo, o que afeta todos os sistemas e órgãos.
Desequilíbrios psicológicos afetam o prāṇa,
tejas e ojas, que estão intimamente conectados aos sentidos, emoções e a
mente. Isso inclui ansiedade, raiva, depressão, apego e aflição. Aumentando prāṇa, tejas e ojas, a maioria
dos problemas psicológicos podem ser suavizados.
A maioria das desordens
meditativas são causadas pelo desenvolvimento desequilibrado de prāṇa, tejas e
ojas. A causa principal é a insufuciência de ojas. Sem a quantidade
apropriada de ojas, o aumento de tejas pode queimar as nāḍīs do corpo sutil. Isso pode ocorrer
da prática excessiva da meditação ou japa
sem a quantidade necessária de ojas
para seu suporte. Sem a quantidade apropriada de ojas, o aumento de prāṇa
causa uma locomoção interna desequilibrada da energia vital. Isso pode ocorrer
através da prática excessiva de prāṇāyāma
ou a tentativa de se esvaziar a mente sem a quantidade necessária de ojas para seu suporte. Portanto, seja cuidadoso em assumir práticas poderosas
sem a quantidade necessária de ojas para suportá-las.
O Yoga é um processo
alquímico que requer conhecimento das forças que estamos trabalhando. Não é mero pensamento anelante e nem
ocorre somente na mente. A ciência ayurvédica
do prāṇa, tejas e ojas provê um
entendimento das forças sutis do Yoga.
Mesmo que o assunto seja muito mais profundo que esse breve resumo que
esboçamos neste capítulo, esteja atento a estas energias espirituais que atuam
por trás dos doṣas.
Examinando prāṇa, tejas e
ojas
Prāṇa, tejas
e ojas têm sinais e causam vários
sintomas em nosso complexo psico-físico através dos quais nós podemos monitorar
suas condições. Como todas as práticas do Yoga
geralmente aumentam estas três forças, há sempre o perigo de uma se elevar
acima das outras, provocando efeitos colaterais. Para praticar Yoga de uma maneira segura e de forma que garanta bons
resultados todas essas três forças têm de ser mantidas dinamicamente
equilibradas. É sempre possível que uma delas esteja em deficiência ou
excesso em condições temporárias. Muitas
doenças que são consideradas como desordens da kuṇḍalinī ou de práticas
meditativas são, na verdade, desequilíbrios nas condições de prāṇa, tejas e
ojas. Portanto, no processo de crescimento interior, devemos avaliar se as
condições de prāṇa, tejas e ojas são suficiente ou estão em deficiência ou excesso.
Sinais de suficiência de
prāṇa, tejas e ojas
·
Prāṇa é suficiente quando a respiração é completa e profunda,
quando o corpo se sente leve e limpo, quando os membros são flexíveis e se movimentam
com facilidade, quando a capacidade de escuta é bem desenvolvida, quando há
vitalidade, capacidade de ação e quando uma pessoa tem a habilidade de
compreender muitos pontos de vista.
·
Tejas é suficiente quando o corpo é capaz de suportar o frio,
quando a pele tem brilho, quando os olhos são radiantes, quando a fala e a
percepção são claras, quando o poder de visualização é bom, quando a
discriminação e o julgamento correto prevalecem, quando o poder da razão é
elevado, quando existe auto-confiança e coragem, quando existe liberdade das
desilusões, expectativas, apegos emocionais e medos.
·
Ojas é suficiente quando o sistema imunológico é forte, quando
existe energia em abundância no sistema reprodutivo, quando a mente e as
emoções são calmas e estáveis, quando existe resistência, estabilidade,
equanimidade e intrepidez. Quando existe fé, amor, devoção, resignação e
paciência.
Sinais de excesso de prāṇa,
tejas e ojas
·
Excesso de prāṇa causa perda de controle mental,
perda de coordenação motora e sensorial, com possíveis tremores e movimentos
erráticos. Existe a sensação de perda da estabilidade e perda da identidade.
Podem ocorrer ansiedade e palpitação junto com insônia e perda geral do
equilíbrio sistêmico.
·
Excesso de tejas causa sobrecarga na mente
discriminativa e crítica, com possibilidade de delírio, dor de cabeça, e a
sensação de queimação nos olhos e cabeça. A clareza é excessiva ou destrutiva e
a pessoa pode ser pega pelo labirinto das dúvidas e negatividades. Raiva,
irritabilidade e a criação de inimigos podem ocorrer. No caminho espiritual,
pessoas com tejas em excesso
tornam-se manipuladoras, dominadoras, apontando apenas os defeitos alheios e
podem ter ilusão sobre seu poder e conhecimento, o que leva a paranóia.
·
Excesso de ojas causa peso e embotamento na mente,
bem como um sentimento de contentamento distorcido que impede o crescimento em
todas as áreas. Geralmente, ojas em
excesso causa muito menos problemas que prāṇa
e tejas em excesso, que são os
fatores principais das desordens mentais. Prāṇa
agravado (excesso de ar) seca ojas e tejas agravado (excesso de fogo) o
queima. Portanto, excesso de prāṇa e
tejas estão sempre associados a deficiência de ojas.
Sinais de deficiência de
prāṇa, tejas e ojas
·
Quando prāṇa é deficiente a respiração é superficial
e rápida, o corpo se sente poesado, falta vitalidade e vontade de trabalhar,
tornando-se letárgico, apático, preguiçoso e lento. Existe a falta de energia
mental, entusiasmo e acuidade. A força de vida e energia de cura diminuem e não
é possível experimentar a transformação de novas energias. A mente e os
sentidos se tornam débios e sem motivação. As atitudes se tornam conservadoras
e rígidas, sempre baseadas em paradigmas há muito tempo ultrapassados.
·
Quando tejas é deficiente o corpo fica frio, a
pele fica pálida, os olhos perdem a luminosidade, a fala e a percepção
tornam-se confusas e nebulosas, julgamento e discriminação não são tão claros e
a pessoa pode experimentar a irracionalidade, ingenuidade ou ficar cheia de
idéias equivocadas. Quando tejas está
muito deficiente falta à capacidade de inquirição e discernimento. A pessoa
aceita qualquer coisa e perde o poder de aprender com as experiências e
digeririr as impressões. Mentalmente, a pessoa torna-se passiva e
impressionável, tornando-se facilmente objeto de manipulação.
Quando
ojas é deficiente o sistema
imunológico é fraco, as secreções reprodutivas são exauridas, a mente e as
emoções tornam-se instáveis e a pessoa facilmente se aborrece com barulhos ou
luzes. Existe medo, ansiedade, inquietação e insônia. Quando ojas é deficiente perde-se a
auto-confiança, concentração, memória e fé. Não há consistência nos pensamentos
e nem equilíbrio emocional. Pode ocorrer a exaustão nervosa (colapso nervoso).
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