Swāmi Satyānanda
Saraswatī
Texto retirado do
livro «Kundalini Tantra», Yoga Publications Trust, 2006.
A palavra sânscrita mūla significa raiz ou fundação e é isto
que precisamente este cakra é. Mūlādhāra está na raiz do sistema de cakras e suas influências estão na raiz
de toda a nossa existência. Os impulsos da vida sobem através do corpo como a
flor mais ampla se expande de nossa consciência na região conhecida como sahasrāra. Parece um grande paradoxo que
este terreno e mais básico dos cakras
nos guia para a mais alta consciência.
Na filosofia Sāṃkhya, o conceito de mūlādhāra é entendido como mūla-prakṛti, a base transcendental da
natureza física. O universo inteiro e todos os seus objetos devem ter algum
fundamento pelo o qual evoluem e para o qual eles retornam após sua dissolução.
A fonte original de toda evolução é mūla-prakṛti.
O mūlādhāra, como base de mūla-prakṛti, é responsável por tudo que
se manifesta no mundo do nome e da forma.
No Tantra, o mūlādhāra é a
sede da kuṇḍalinī-śakti, a base a partir do qual a
possibilidade de maior realização surje. É dito que este grande potencial está
adormecendo na forma de uma serpente enrolada. Quando desperta, ela faz o seu
caminho ascendente através da suṣumṇā-nāḍī,
na medula espinhal, até chegar ao sahasrāra
onde a derradeira experiência de iluminação ocorre. Portanto, o despertar do mūlādhāra é considerado de grande
importância no kuṇḍalinī-yoga.
Ponto de localização
A sede do mūlādhāra no corpo masculino está superficialmente localizada no
interior do períneo, no caminho entre o escroto e o ânus. É o aspecto interior
do complexo de nervos que transporta todos os tipos de sensações e está
imediatamente conectado com os testículos. No corpo feminino, o mūlādhāra-cakra situa-se na face
posterior do colo do útero.
Em ambos os órgãos sexuais
masculino e feminino, existe uma glândula vestigial no mūlādhāra-cakra, o que é algo como um nó. Em sânscrito este nó é
conhecido como brahma-granthi, o nó
de Brahma. Enquanto este nó permanece intacto, a energia localizada nesta área
permanece bloqueada. Mas no momento em que o nó é aberto, a Śakti desperta. É apenas quando o
indivíduo desperta para a possibilidade da consciência divina, para um maior
vigor e propósito do que a vida animal instintiva, que o brahma-granthi começa a afrouxar. A consciência começa a ser
liberada a partir do centro da raiz do indivíduo como anseio para o despertar.
Muitas pessoas se sentem
hesitantes e se assustam ao crer que a kuṇḍalinī
está no mūlādhāra-cakra e afirmam que
ela está no maṇipūra, porque não
querem associar a santa kuṇḍalinī-śakti com o ímpeto da energia sexual. No
entanto, a investigação científica mostra que esta pequena glândula no mūlādhāra-cakra contém energia infinita
e muitas experiências psíquicas e espirituais provêm deste centro. Só porque o mūlādhāra está situado na região sexual,
isto não o torna um centro impuro.
Simbologia tradicional
O mūlādhāra-cakra é tradicionalmente representado por uma flor lótus
com quatro pétalas carmesim escuro. Em cada pétala tem uma letra: vaṃ (व), śaṃ (श), ṣaṃ (ष) e saṃ (स) escritas em ouro. No
pericarpo tem um quadrado amarelo, símbolo do elemento terra, cercado por oito
lanças douradas – quatro em cada canto e quatro em cada ponto cardeal. Diz-se
que representam as sete montanhas Kula
no fundamento basico da terra.
O quadrado amarelo dourado, yantra do elemento terra, é suportado
por um elefante com sete trombas. O elefante é o maior de todos os animais
terrestres e possui grande força e solidez. Estes são os atributos do mūlādhāra – um grande poder inativo,
descansando em um lugar completamente estável e sólido. As sete trombas do
elefante denotam os sete minerais que são vitais para a função física; em
sânscrito são conhecidos como sapta-dhatu.
As sete trombas do elefante são o veículo da grande mente, a grande
criatividade.
Sobre as costas do elefante,
no centro do quadrado, tem um triângulo vermelho escuro invertido. Este é o
símbolo da śakti ou energia criativa,
que é responsável pela produtividade e pela multiplicidade de todas as coisas.
Dentro do triângulo está o swāyambhū
ou dhumra-liṅga, na cor cinza
esfumaçado. Próximo deste liṅga, que
representa o corpo astral, a kuṇḍalinī
está enrolada três vezes e meia, sendo o seu brilho como o de relâmpagos. Três
representa os três guṇas ou
qualidades da natureza em um indivíduo. Enquanto os três guṇas estão ativos, a individualidade está funcionando dentro do
confinamento do ego. A meia volta representa a transcendência.
No Tantra esta serpente enrolada é conhecida como mahā-kāla, o grande tempo ou tempo interminável. Aqui a kuṇḍalinī repousa no ventre do
inconsciente, além do tempo e do espaço. Quando a kuṇḍalinī começa a se manifestar, penetra nas dimensões da
personalidade e da individualidade, e fica-se sujeito ao tempo e ao espaço.
Este é o despertar da grande potência da serpente dentro de cada forma
individual, moldura e consciência do ser humano. No entanto, na maioria das
pessoas ela está adormecida. No seu estado desperto a kuṇḍalinī-śakti
representa o nosso potencial espiritual, mas em seu estado latente representa o
nível de vida institivo que apoia a base de nossa existência. Ambas as
possibilidades residem no mūlādhāra.
Descansando no topo do
triângulo invertido está o bīja-mantra
laṃ (ल). Dentro do bindu, sobre o mantra, reside o elefante deva Gaṇeśa e a devī Dākinī, que tem
quatro braços e olhos brilhantes e vermelhos. Ela é resplandecente como o
brilho de muitos sóis nascendo ao mesmo tempo. Ela é a portadora eterna da
inteligência pura.
O tanmātra ou sentido associado com o mūlādhāra é o cheiro, e é aqui que os cheiros psíquicos são
manifestados. O jñānendriya ou órgão
de percepção é o nariz, e o karmendriya,
órgão da ação, é o ânus. O despertar do mūlādhāra
é muitas vezes acompanhado por sensações de coceira ao redor do cóccix ou ânus,
e o olfato torna-se tão agudo que os odores repugnantes são difíceis de
suportar.
O mūlādhāra é o interruptor direto para o despertar do ājñā-cakra. Pertence ao bhūloka, o primeiro plano da existência
mortal e é o principal centro de apāna.
O mūlādhāra é também a sede do annamaya-kośa, a camada de alimentação,
relacionado com a absorção dos alimentos e a evacuação de fezes.
Ao meditar sobre a kuṇḍalinī no mūlādhāra-cakra, a pessoa se torna senhor do discurso, um rei entre
os homens e um perito em todos os tipos de aprendizagem. Ele se torna livre de
todas as doenças e permanece alegre em todos os momentos.
Equilíbrio entre as nāḍīs
O mūlādhāra é a base a partir do qual os três principais canais
psíquicos ou nāḍīs emergem e fluem
até a medula espinhal. Diz-se que iḍā,
a força mental, emerge a partir da esquerda do mūlādhāra; piṅgalā, a
força vital, a partir da direita, e suṣumṇā,
a força espiritual, a partir do centro. De acordo com o Tantra, este ponto de emanação é muito volátil. Quando as forças
positivas e negativas de iḍā e piṅgalā estão totalmente equilibradas,
um despertar aqui estará suscitando o despertar da kuṇḍalinī adormecida. Normalmente, este estado de equilíbrio entre
as nāḍīs iḍā e piṅgalā só pode ser
atingido esporadicamente e por curtos períodos de tempo. Isto pode ser
suficiente para desencadear um despertar, mas apenas levemente, no qual a kuṇḍalinī sobe até o swādhisṭhāna ou maṇipūra, e então retorna para o mūlādhāra novamente.
Portanto, as práticas de haṭha-yoga, particurlamente prāṇāyāma, são muito importantes no kuṇḍalinī-yoga, porque purificam e
reequilibram os fluxos psíquicos. Uma vez que o estado de equilíbrio entre iḍā e piṅgalā se tornem estáveis e permanentes, o despertar engendrado no
mūlādhāra torna-se explosivo e a kuṇḍalinī sobe com grande vigor,
superando todos os obstáculos no seu caminho até que chega ao seu destino final
no sahasrāra.
Prāṇotthana vs Kuṇḍalinī
Muitas pessoas têm
experiências durante a meditação, quando sentem a subida da Śakti através da medula espinhal do mūlādhāra para o cérebro. No entanto, na
maioria dos casos, este não é o despertar da kuṇḍalinī, mas uma libertação do vigor prânico chamado prāṇotthana.
Esta preliminar começa a despertar o mūlādhāra
e sobe pela medula espinhal através da nāḍī
piṅgalā, apenas purificando
parcialmente os cakras até atingir o
cérebro em que geralmente se dispersa.
Neste tipo de despertar a
experiência da Śakti é raramente
sustentada. No entanto, isto não prepara o aspirante para o eventual despertar
da kuṇḍalinī, que é algo
completamente diferente e mais poderoso. Após o despertar da kuṇḍalinī, o indivíduo nunca mais será o
mesmo outra vez. Aqui há uma subida da força acompanhada de um despertar
psíquico, que é permanentemente acessível. Mesmo que ele possa cair novamente,
o potencial estará sempre lá.
Mūlādhāra e a expressão sexual
O despertar do mūlādhāra-cakra é muito importante, em
primeiro lugar porque é a sede da kuṇḍalinī
e, em segundo lugar, é o reservatório grande de tamas. Todas as paixões são armazenadas no mūlādhāra, toda a culpa, todos os complexos e cada agonia tem sua
raiz no mūlādhāra-cakra.
Este cakra está fisiologicamente relacionado aos órgãos excretores,
urinário, sexual e reprodutivos. É muito importante para todas as pessoas
despertarem este cakra e sair dele. O
homem da vida, seus desejos, suas ações e suas realizações, são controladas
pelos desejos sexuais, e tudo o que ele faz na vida é uma expressão do cakra menor. Nossos menores saṃskāras e karmas estão embutidos ali, como em encarnações menores, sendo todo
um conjunto que se fundamenta sobre a personalidade sexual. Dr. Sigmund Freud
também enfatizou este ponto. Ele disse que uma seleção de roupas, alimentos,
amigos, mobiliário e decoração do lar etc., tudo é influenciado pela sua
consciência sexual.
Todos os esquizofrênicos e
neuroticos e muitos malucos que estão presos com complexos de culpa são pessoas
que não têm sido capazes de chegar a Śakti
pelo mūlādhāra-cakra. Como resultado
disso, as suas vidas estão desequilibradas.
A satisfação sexual e as
frustrações controlam a nossa vida sexual. Se o instinto sexual for removido da
vida, tudo muda. Freqüentemente nós reagimos a vida sexual por conta das
experiências amargas e juramos que não seguiremos o mesmo caminho novamente.
Estamos fartos e por conta disso dizemos: não
mais. Mas isto não é solução, é
apenas uma reação e não a estrutura permanente da nossa mente.
A menos que o mūlādhāra-cakra seja purificado, seu
correspondente no centro do cérebro vai sempre ser tamásico. Podemos viver o
mesmo tipo de vida que nós temos hoje, mas podemos torná-la muito melhor.
Relações sexuais não são um pecado, mas a consciência deve despertar o objetivo
e todo o ato deve ser transmutado. Foi claramente explicado no Tantra que a finalidade do ato sexual é
tripla, e estes triplos efeitos dependem do nível e frequência de cada mente.
Algumas pessoas praticam-no para procriação, porque é aí que está a sua mente.
Outros praticam-no só por prazer, pois é o nível da sua mente. E algumas
pessoas praticam-no para abrir a janela para o samādhi. Eles não se importam com a procriação ou o cumprimento da
paixão, eles estão apenas preocupados com a experiência do despertar e a
sublimação desta energia. Através dessa experiência é que se abre o centro
superior. Portanto, aqueles que praticam o ato sexual normal devem despertar o mūlādhāra-cakra primeiro. Além disso, através
do ato sexual, uma mulher pode despertar o mūlādhāra
e o swādhisṭhāna-cakra se o seu
parceiro for um yogī. Geralmente,
para esses cakras despertarem em um
corpo de homem, ele terá de praticar kriyā-yoga
e técnicas tais como vajrolī-mudrā.
Há outra coisa importante que
todos devem compreender. Uma pessoa que controla seus impulsos inferiores, um yogī que está praticando um sādhanā elevado, não tem que desistir do
seu parceiro e da relação do casal. Se você acha que deve ser um yogī e desistir de sexo, por que também
não desiste de comer e de dormir? Yoga
não tem nada a ver com desistir destas coisas; isto são coisas de quem está
preocupado em transformar seus objetivos e intenções.
O maior erro da humanidade há
milhares de anos é fazer com que o homem venha a lutar contra ele mesmo. Ele
quer renunciar ao sexo, mas ele não foi capaz de fazê-lo. Por isso é importante
que o despertar do mūlādhāra ocorra.
Então sua mente deve fazer-se totalmente livre.
Conduzindo o despertar do mūlādhāra
Quando o despertar ocorre em
no mūlādhāra, como o resultado da
prática do Yoga ou de outras práticas
e disciplinas espirituais, muitas coisas explodem na consciência, da mesma
forma que um vulcão em erupção empurra para a superfície coisas que estavam
escondidas debaixo da terra. Com o despertar da kuṇḍalinī existe simultâneamente o despertar das coisas do campo
inconsciente de uma existência humana que não pode ter tido antes consciência
do conhecimento absoluto.
Quando o mūlādhāra desperta, um certo número de fenômenos ocorrem. A
primeira coisa que muitos praticantes experimentam é a levitação do corpo
astral. Alguns têm a sensação de flutuar sobre o espaço, deixando para trás o
corpo físico. Isto é devido à energia da kuṇḍalinī
cuja subida dinâmica faz com que o corpo astral se desloque do corpo físico e
se mova para cima. Este fenômeno é limitado ao astral e possivelmente às
dimensões do mental, e isso difere do que é normalmente chamado de levitação –
o deslocamento do corpo físico real.
Além da levitação do corpo
astral, por vezes ocorrem algumas experiências de fenômenos psíquicos, como a
clarividência ou a clairaudiência. Outras manifestações incluem movimentos ou
intensidade de calor na área do cóccix, ou uma ligeira sensação, como algo se
movendo lentamente até a medula espinhal. Estas sensações resultam da ascensão
da Śakti ou do despertar da kuṇḍalinī. Na maioria dos casos, quando
a Śakti chega ao maṇipūra-cakra, ela começa a descer para o mūlādhāra novamente. Às vezes, o praticante acredita que a energia
subiu até o topo da cabeça, mas geralmente apenas uma pequena porção da Śakti é capaz de ultrapassar o maṇipūra. Repetidas tentativas
fervorosas são necessárias para continuar a ascensão da kuṇḍalinī, mas uma vez que ela passa por maṇipūra, sérios obstáculos são raramente encontrados.
No entanto, quando a kuṇḍalinī ascende do mūlādhāra para o swādhisṭhāna, o sādhaka
experimenta um período crucial, em que todas as suas emoções reprimidas,
principalmente aquelas de uma natureza mais primitiva, expressam-se. Montanhas
de paixões durante este período e todos os tipos de entusiasmo absorvente
acontecem, fazendo com que o sādhaka
se torne extremamente irritavel e instavel, por vezes. Ele pode ser visto sentado
calmamente em contemplação um momento e no outro arremessando objetos com
violência em alguém próximo. Um dia ele pode dormir profundamente durante horas
consecutivas, no outro ele pode levantar-se uma ou duas da manhã para tomar
banho e meditar. Ele torna-se muito apaixonado, e altamente tagarela, enquanto
que em outros momentos ele é silencioso. Nesta fase, o sādhaka freqüentemente manifesta uma grande inclinação por cantar.
Durante este período de
intensa agitação psíquica e emocional, a orientação de um guru qualificado e
compreensivo é essencial. Embora algumas pessoas possam considerar este
turbilhão emocional como a indicação de uma grande queda, o guru irá assegurar
ao aspirante que isto é uma parte essencial da vida espiritual que vai acelerar
a sua evolução. Se esta explosão não ocorrer, o mesmo processo de purificação
ainda ocorrerá, mas muito lentamente, como problemas surgindo no trabalho e
vida após vida.
O mūlādhāra é um dos mais importantes e excitantes centros psíquicos,
mas também é perturbador que ele deve ser despertado através das práticas de kuṇḍalinī-yoga. Por esta razão, o
despertar do ājñā-cakra deve sempre
acompanhar o despertar do mūlādhāra.
As faculdades mentais do ājñā-cakra
dão ao praticante uma capacidade para testemunhar os acontecimentos do
despertar do mūlādhāra objetivamente,
com maior compreensão. Isto torna toda a experiência menos traumática e
perturbadora.
Quando o ājñā é despertado, você achará mais fácil despertar o mūlādhāra-cakra. A mente ordinária pode
se concentrar neste centro e manipulá-lo com facilidade. Como seu corpo e mente
começam a romper os laços animalizados, a sua consciência se expande e você se
torna capaz de prever a maior possibilidade do seu potencial criativo.
Cakra
sādhanā
O processo de despertar mūlādhāra-cakra não é muito difícil.
Isto pode ser alcançado por milhares de métodos diferentes, mas o mais fácil de
todos é a concentração na ponta do nariz. Isto acontece porque a parte do
córtex sensorial que representa o mūlādhāra-cakra
está conectada com o nariz. Ao mesmo tempo, o mūlādhāra-cakra pertence ao elemento terra, que está diretamente
relacionado com o sentido do olfato. Por isso, deve incluir nasikagra-dṛṣṭi – a prática de olhar a
ponta do nariz, nesta seção, bem como mūla-bandha,
que estimula diretamente o mūlādhāra-cakra.
Lembre-se que o mūlādhāra-cakra não
tem um kṣetraṃ.
Programa
de práticas
Este sādhanā (práticas 1, 2 e 3), para o mūlādhāra-cakra, deve ser feito pelo período de um mês. Ainda sim,
continue as práticas para despertar o ājñā-cakra.
Diferença entre mūla-bandha, vajrolī |
sahajolī-mudrā e aśvinī-mudrā
Muitas vezes há confusão entre as três
práticas de mūla-bandha (utilizado para
despertar o mūlādhāra-cakra), vajrolī | sahajolī-mudrā e aśvinī-mudrā (ambos utilizados para
despertar o swādhisṭhāna-cakra). Os
seguintes diagramas para as localizações do sexo masculino e feminino irão
ajudar a esclarecer a diferença dos pontos de contração.
Chave para a localização da contração
dos pontos: (1) sahajolī-mudrā
(clitóris, musculatura vaginal menor e uretra); (2) mūla-bandha (colo do útero e músculos vaginais); (3) aśvinī-mudrā (musculatura anal | esfíncteres).
Chave para a localização da contração
dos pontos: (1) vajrolī-mudrā (pênis);
(2) mūla-bandha (entre o ânus e o
escroto; corpo perineal); (3) aśvinī-mudrā
(musculatura anal/esfíncteres).
Prática
1: localização do mūlādhāra-cakra
Para
homens: Sente-se em siddhāsana ou qualquer āsana em que o calcanhar possa pressionar
o períneo.
Feche os seus olhos, relaxe completamente e se torne consciente de todo o seu
corpo físico.
Mude a sua percepção para o ponto de contato entre o calcanhar e o
períneo, a meio caminho entre o testículos e o ânus.
Torne-se intensamente consciente das distintas pressões exercidas sobre o
corpo perineal.
Concentre-se no ponto pressão.
Agora se torne consciente de sua respiração.
Sinta ou pense que está respirando dentro e fora desta pressão no ponto.
Sinta o movimento do ar através do corpo perineal, tornando-se mais fino e
fino, de modo que ele penetre no ponto onde está localizado o mūlādhāra-cakra. Você vai sentir como uma
contração psicofísica.
Diga mentalmente, mūlādhāra, mūlādhāra, mūlādhāra. Mantenha a consciência do corpo perineal e a respiração
por até conco minutos.
Para
mulheres: Sente-se em siddha-yoni-āsana ou uma alternativa
adequada.
Relaxe o seu corpo completamente e feche os olhos.
Transfira a sua consciência para a parte inferior do corpo e foque sua
atenção sobre o ponto de contato entre o seu calcanhar, bem como a abertura da
vagina.
Torne-se intensamente consciente da ligeira pressão, mas distinta, neste
ponto. Concentre-se na pressão sobre o ponto.
Agora se torne consciente de sua respiração natural.
Sinta ou pense que você está respirando dentro e fora da pressão sobre
esse ponto. Continue assim por dez respirações profundas.
Agora traga a sua percepção para dentro do corpo.
Do ponto de pressão externo, mova a percepção no sentido da base da coluna
vertebral.
Siga a formação natural da vagina, movendo-se em um ligeiro ângulo e volte
para a coluna, até chegar à abertura do útero.
Você está na abertura do útero, cerca de dois ou três centímetros no
interior do corpo, logo abaixo da base da coluna vertebral. Concentre a sua
consciência neste ponto e comece a respirar dentro e fora do colo do útero, no
ponto de pressão exterior.
Respire e traga a sua percepção para a abertura do útero. Respire e passe
novamente para a pressão exterior do ponto.
Em algum lugar nesta área você vai encontrar o seu ponto do mūlādhāra-cakra. Sinta-o clara e distintamente
e repita mentalmente, mūlādhāra, mūlādhāra, mūlādhāra. Mantenha a consciência intacta neste ponto até o limite
de cinco minutos.
Prática
alternativa: localização do mūlādhāra-cakra pelo toque
Para
homens: Os homens devem
sentar-se em uma posição confortável e pressionar um toque em direção ao
períneo, meio caminho entre o ânus e o escroto, depois devem contrair os
músculos nesta região. A contração será sentida. Quando eles puderem contrair
os músculos sem movimento do ânus ou pênis, significa que o corpo perineal foi
isolado.
Para
mulheres: As mulheres devem
assumir uma posição confortável sentada ou deitada e suavemente inserir um dedo
na vagina, tanto quanto puder. Em seguida, aperte os músculos de forma que a
parede superior da vagina se contraia e aperte o dedo. Se elas puderem fazer
isso sem a contratação do ânus ou a parte da frente do períneo (clitóris e
abertura urinária) então poderão localizar corretamente onde está o mūlādhāra.
Prática
2: mūla-bandha (contração do períneo)
Estágio
1: contração com retenção da respiração
Sente-se em siddhāsana, siddha-yoni-āsana ou qualquer outra
postura que aplique uma pressão firme na região do mūlādhāra-cakra.
Feche os olhos e relaxe o corpo inteiro.
Inale profundamente. Retenha a respiração e contraia os músculos na região
do mūlādhāra-cakra.
Contraia os músculos para cima, tanto quanto você for capaz, sem excessiva
pressão.
Tente contrair só o mūlādhāra-cakra
acionando o ponto, de modo que a musculatura urinária na frente e o esfíncter
anal atrás continuem relaxados.
Mantenha a sua atenção fixa sobre o ponto exato da contração.
Segure esta contração durante tanto tempo quanto possível. Então libere mūla-bandha e respire normalmente.
Pratique por alguns minutos por dia.
Nota
prática: Jālaṃdhara-bandha, também pode ser aplicado à prática. Com retenção
de ar, execute jālaṃdhara-bandha, depois
mūla-bandha. Antes da expiração,
solte mūla-bandha, depois jālaṃdhara-bandha.
Estágio
2: contração física
Contraia e solte mūla-bandha
ritmicamente. Uma contração por segundo aproximadamente é razoável ou, se
desejar, você pode sincronizar a contração com as batidas do coração.
Mais uma vez, garanta que a contração esteja centrada no ponto exato de contração
e no ânus. Direcione toda a sua atenção para o ponto de contração.
Pratique por alguns minutos por dia.
Estágio
3: contração mental
Abandone todas as contrações físicas.
Experimente sentir a batida do pulso no ponto exato, ou tente contrair o
ponto mentalmente.
Direcione toda a sua atenção para a área do mūlādhāra-cakra.
A prática é a mesma do estágio 2, mas sem contração física. Continue pelo
tempo que lhe sobra.
Com a prática, você será capaz de localizar o ponto de disparo do mūlādhāra-cakra exatamente apenas através
do pensamento.
Prática
3: nasikagra-dṛṣṭi (concentração na
ponta do nariz)
Sente-se em qualquer posição meditativa com as costas eretas e a cabeça no
prolongamento da coluna.
Feche os olhos e relaxe todo o corpo por algum tempo.
Em seguida, abra os olhos e concentre-se sobre a ponta do nariz.
Não estire os seus olhos, mas tente consertar seu olhar sobre a ponta do
nariz.
A respiração deve ser normal.
Quando a atenção de ambos os olhos é centrada na ponta do nariz, você verá
que as linhas duplas do nariz fundem-se para se tornarem um único sólido
esquema.
Você deve dirigir seu olhar para o V formado pelo ponto onde os dois contornos
cruzam-se na própria ponta do nariz.
Se você não ver uma sólida forma de V então ambos os olhos não estão fixos
na ponta do nariz.
Será então necessário focar os olhos em seu dedo, uma polegada na frente
de seu rosto, e manter o dedo em foco conforme você lentamente o traz para a
ponta do nariz.
Eventualmente, você pode descartar esse método fácil e concentrar os olhos
sobre a ponta do nariz à vontade.
Inicialmente você pode ter dificuldade para manter sua atenção sobre a ponta
do nariz por mais de alguns segundos. Quando você sentir desconforto, saia dessa
posição dos olhos durante alguns segundos e, depois, continue a prática.
Durante um período de semanas, até os olhos se acostumarem, aumente gradualmente
o tempo de prática. Nunca estire os olhos. Uma vez que você pode confortavelmente
manter um olhar constante por um minuto ou mais, torne-se consciente da sua
respiração bem como da ponta do nariz.
Sinta o ar que se desloca para dentro e para fora através do nariz.
Ao mesmo tempo, torne-se consciente do som sutil da respiração enquanto se
move através da passagem nasal.
Tente ficar completamente absorvido nessa prática, com exclusão de todos os
outros pensamentos e distrações externas.
Esteja ciente da ponta do nariz, o movimento do ar e acompanhe o som.
Continue desta forma por até o limite de cinco minutos.
Nota: Esta prática é também chamada agohari-mudrā (o gesto de
invisibilidade).
Tradução
livre de Fernando Liguori.
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