Por Swami
Rishi Vivekananda Saraswati
Departamento de
Psicologia do Yoga, Bihar Yoga Bharati
Seminário Yoga, os Cakras & a Mente
©
Bihar Yoga Bharati | Bihar School of Yoga
O texto que se segue é a
transcrição de um seminário sobre o desenvolvimento da personalidade através
dos cakras, realizado por Swami Rishi Vivekananda Saraswati no Hotel Serra da
Moeda, Belo Horizonte, nos dias 17, 18 e 19 de maio de 2005. Fonte: Satyananda
Yoga Vidya, uma publicação Satyananda Yoga Center, Belo Horizonte, MG.
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Bem vindos ao nosso fim-de-semana, onde vamos fazer muitas coisas. O
assunto em si é sobre cakras, e eu
vou falar bastante para vocês sobre a teoria dos cakras. O que quero fazer é mostrar um panorama de como o sistema
de cakras forma o centro do sistema yogī de evolução do Ser. Quero que vocês saibam do que se trata.
Além disso, vamos fazer muitas práticas, vamos começar amanhã logo cedo fazendo
práticas para cada cakra. Também
vamos ter um pouco de música, boa comida, boa companhia e bons momentos.
Uma das coisas que vamos praticar durante este fim-de-semana é a
consciência alerta. Este é um ponto central na meditação. Mas, vamos fazer
muitas coisas com os olhos abertos. Vamos observar em silêncio, após a sessão
da noite até depois do desjejum de amanhã. Nada de conversar, mas esteja consciente
dos pensamentos. Esteja consciente de onde exatamente seus pensamentos estão.
Observe o fluxo de pensamentos, vendo se eles continuam sempre na mesma linha
de ideias. Às vezes, nem percebemos que são pensamentos, achamos que somos nós
mesmos. Mas, eles, os pensamentos, não
sou eu, e não são vocês, é apenas um processo que se desenvolve chamado padrão de pensamento. É difícil percebê-los já que nos
impedem de concentrar naquilo que estamos fazendo. Então vamos ter uma
oportunidade, durante este momento de silêncio, para observar nossos padrões de
pensamentos e o que estamos fazendo.
Vocês vão tomar o café da manhã e talvez, pela primeira vez na vida, vão
conseguir sentir qual é o sabor de cada coisa. Então o refeitório
estará muito silencioso durante o café da manhã. E, se alguém falar, vai ter problemas sérios. Ainda não sabemos como vamos punir as pessoas que falarem, mas vai ser terrível.
Também essa questão de fazer gestos e bilhetinhos está proibida. Mas,
pensando bem, geralmente o primeiro que fala de manhã sou eu. Algumas vezes, eu
entro na sala esquecendo que é para estar em silêncio. Então não vamos poder
fazer esta perseguição de forma muito drástica, porque pode ser que seja eu o
primeiro a quebrar o silêncio. Por favor, tentem chegar aqui dez minutos antes
da sessão começar, porque vamos começar exatamente na hora marcada.
Uma parte do que vamos fazer tem a ver com os mantras. No Yoga, os mantras são muito importante. Aquele oṃ (auṃ) que fizemos é um
mantra muito bonito e equilibra as
vibrações nos lugares adequados. Há muitos tipos de mantras e muitas coisas que fazemos com eles. Há mantras gerais como o oṃ. Esse tipo de mantra vocês podem repetir durante o tempo que quiserem. Se você
escolher um que gosta está bom. O primeiro mantra
que eu escolhi quando ainda nem estava praticando Yoga era um mantra
budista, e ele simplesmente era o mantra
certo para mim naquele momento. Paramahaṃsajī
[Swami Satyananda], quando me iniciou, deu-me um mantra pessoal que é o meu mantra.
Este som sou eu. O mantra que você recebe do seu guru, o mantra pessoal, é realmente a sua
vibração. Muitas vezes, cantamos outros mantras
conhecidos como bhajans ou kīrtans. Kīrtans são repetições do mesmo grupo de mantras e bhajans são
histórias cantadas. Esta noite vamos praticar kīrtans. Esse é o tema desta noite. Votamos, e todo mundo decidiu
que sou eu que tenho que começar com os mantras.
Então, eu vou fazer isso. Aqui temos outros bons cantores de kīrtans, depois eles vão participar. Eu
vou cantar um pedacinho, depois vocês repetem. Para tornar as coisas fáceis,
Gangadhara vai escrever as palavras no quadro com letras grandes.
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Eu viajo por todos os lugares do mundo, e há lugares em que parece que
ninguém sabe cantar na nota certa. Ontem eu percebi que todo mundo aqui estava
cantando na nota certa.
Como vocês dormiram ontem? Bem? Uma cama desconhecida? Como foi o
silêncio? Alguém achou difícil? E o café da manhã, estava mais saboroso? Na
maioria das vezes, as pessoas sentam à mesa e ficam falando, falando, e a
comida continua descendo sem consciência. Mas, se você fica em silêncio,
consegue realmente, perceber o sabor da comida.
Durante todo esse fim de semana, vamos continuar observando nossos
pensamentos. De tempos em tempos, você vai parar e se perguntar: o que eu estou pensando agora? E você
olha para trás, tenta rever o que esteve pensando e procura observar como esses
pensamentos se conectam ou se relacionam entre si. Provavelmente, estarão
associados a algum aspecto da sua personalidade. Durante esta manhã, vamos
falar de diferentes aspectos da nossa personalidade e, à medida que o
fim-de-semana for se desenvolvendo, você conseguirá perceber o processo de
pensamentos, como você chegou nesta linha de pensamento. Em outras palavras, a
linha de pensamento poderá vir de dois lugares: do mundo externo ou do mundo
interno. Você poderá estar pensando sobre alguma coisa, por exemplo: será que eu comprei legumes suficientes para
a semana que vem?. E de repente alguém lhe diz está um belo dia! e você
responde: sim, um belo dia.
Então você começa a pensar sobre o clima, se vai chover ou continuar com o sol.
O que aconteceu? Alguma coisa do mundo externo mudou seu monólogo interno. Eu
vou continuar me referindo ao monólogo interno.
Definindo o Yoga
O tema é sobre os cakras e
também sobre como podemos desenvolver a nossa personalidade através da prática
do Yoga. Para falar sobre Yoga, temos de concordar com o que é Yoga. Vou apresentar para vocês a
definição de Swami Niranjanananda sobre o que é Yoga. Há milhares de definições, mas eu gosto desta que conta toda
a história sobre o que é Yoga. Em
apenas algumas linhas, Swami Niranjanananda descreve todo um sistema que é enorme.
Começamos assim:
O Yoga é um antigo sistema. E quão antigo ele é? Não sabemos. Os
trabalhos escritos mais antigos são de 3500 a 4000 anos atrás. O Yogasūtra de Patañjali foi escrito há
2500 anos atrás e não mudou ao longo destes milhares de anos. O sistema que
usamos na escola de Satyananda Yoga é
antigo e, como tem sido extremamente efetivo, não precisamos mudá-lo. Então é
um sistema antigo de quê? Filosofia,
estilo de vida e técnicas. É uma filosofia
sobre o que é o Ser Humano, sobre as nossas relações com as outras pessoas e a
comunidade, sobre nossa relação com este planeta no qual vivemos e sobre nossa
relação com a consciência universal. Então, é uma grande coisa. Também diz
muito sobre como devemos viver. O termo estilo
de vida descreve bem isso, e o Yoga
também nos ensina muitas técnicas.
Para que usamos essa filosofia, estilo de vida e técnicas? Para desenvolver a pessoa de forma completa.
Hoje vou falar da evolução do Ser Humano para vocês entenderem o que isto quer
dizer. Quais os aspectos da pessoa que
queremos desenvolver? Todos os aspectos: O físico, a vitalidade, a mente e as emoções, a sabedoria e
as qualidades psíquicas, a ética e o relacionamento com as outras pessoas, e, por fim, a realização de nossa realidade espiritual.
Swami Niranjanananda continua dizendo o seguinte: De acordo com a tradição yogī, evolução é um processo sistemático
através do qual aprendemos a nos harmonizar. É um processo através do qual
desenvolvemos a habilidade de expressar nossas habilidades de forma ótima e
criativa. Isso é muito importante. O que ele está dizendo? Ele está dizendo
que, ao evoluirmos, poderemos contribuir para a melhoria do mundo no qual
estamos vivendo. Não significa que vamos nos retirar para uma caverna e nos
isolarmos lá em bem-aventurança pelo resto de nossas vidas. Mas que vamos
expressar nossas qualidades e que, à medida que evoluímos, mais e mais
poderemos contribuir para nós, para as outras pessoas, para a comunidade na
qual vivemos e para o planeta Terra.
Swami Niranjanananda continua dizendo neste contexto que evolução não é autorrealização, mas perfeição na vida. Perfeição na vida é
algo que devemos buscar. E o Yoga
lida com as formas pelas quais podemos alcançar isso. Ele diz que, à medida que
conseguimos essa perfeição, a autorrealização é uma consequência natural. Estou
citando Swami Niranjanananda, mas ele não é
apenas um swami, ele é o que se
chama de paramahaṃsa. Este título é
dado pelas autoridades do Yoga na
Índia para àqueles que são realmente iluminados. Alguns yogīs nomeiam a si próprios como paramahaṃsa, mas Swami Niranjanananda não é um desses. Ele foi
nomeado paramahaṃsa em 1993 pela
hierarquia yogī na Índia. Assim o
nome adequado é Paramahaṃsa Niranjanananda Saraswati. Ele considera que é um
pouco difícil para as pessoas pronunciarem, então ele diz que é mais fácil
chamá-lo de Swami Niranjanananda.
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Estamos falando de Yoga, cakras e mente. A mente é um fator central na nossa personalidade. Definimos o Yoga como um processo de evolução da
pessoa e falamos da mente, da mente superior e da mente suprema. Isso tudo, constitui a personalidade de uma pessoa.
Então, vamos falar um pouco de personalidade. Essa parte do seminário é a mais
difícil, porque é nela que estão sendo dadas as definições. Temos de concordar
sobre o que estamos falando. Ou seja, se estamos usando a palavra personalidade, e eu estou pensando uma
coisa e vocês outra, então não sabemos sobre o que estamos falando. Há um
ditado antigo que diz que se você quer fazer sua plateia dormir, comece com uma
definição. Eu estou começando com pelo menos três definições, se alguém começar
a dormir, eu vou entender porquê. Mas ronque baixo para não acordar ninguém.
Esta definição pode ser um pouco difícil, mas fiquem comigo, pois é importante
que vocês entendam este ponto de vista. Ele será usado durante todo o
fim-de-semana.
Então, o que é a personalidade? São os Padrões distintivos e característicos.
Distintivo quer dizer que me distingue de você e que são característicos de mim
mesmo. Padrões característicos e distintivos de que? Primeiro: de como
percebemos o mundo. Percebemos o mundo de forma diferente uns dos outros. Um
pequeno grupo pode fazer uma caminhada e cada pessoa vai observar coisas
diferentes no meio ambiente. As coisas
que percebemos constituem um pequeno mundo naquele momento. Por exemplo, eu
estava dirigindo um carro com alguns amigos. Eu estive fora da Austrália
durante 10 anos. Tinha acabado de voltar dos Estados Unidos e estava
interessado em carros modernos. Vocês sabem que há muitos homens interessados
nisso, Freud diria alguma coisa sobre isso, mas eu não vou falar nada. Estive
fora por dez anos, e a Austrália desenha seus próprios modelos de carros
modernos. Eu estava olhando para todos esses carros e estava fascinado. Meus dois amigos, um casal, diziam: Oh esse aí é muito lindo. Eu olhava e
não conseguia ver nada. E eles diziam novamente: Oh! Olha aquele outro ali. Eu percebi uma coisa: um cachorro. Eles
estavam olhando para os cães. Eles adoram cachorros, e eu adoro os carros. Não
percebi nenhum cachorro naquela rua, mas consegui ver muitos carros. Meus amigos
não viram nenhum carro, só perceberam os cães. Eles estavam vivendo num mundo
de cães e eu num mundo de carros. Estávamos vivendo em mundos completamente
diferentes. E isso acontece com todos nós. Então não é nenhuma surpresa que nós
não nos compreendamos. Apenas essa percepção diferente do mundo faz com que
vivamos em mundos diferentes.
Então, temos padrões de percepção diferentes e característicos. Também,
temos padrões diferentes de pensamento. Pensamos de forma diferente, e o
conteúdo dominante dos pensamentos também é diferente. No exemplo anterior, eu
estava pensando em carros modernos, e meus amigos estavam pensando em
cachorros. Esse é um exemplo de percepção vindo do mundo exterior. Mas, também os padrões de pensamento
dependem do que há em nossa memória. Cada um de nós tem conteúdos
diferentes em nossas próprias memórias. A mesma coisa se aplica às emoções. Em primeiro lugar, o que
estamos pensando vai gerar emoções dentro de nós. Temos também padrões
habituais de emoções que são diferentes das outras pessoas. De forma bastante
ampla, podemos dizer que alguns vivem num mundo de emoções positivas, e outros
lamentavelmente levam uma vida de emoções negativas. Há ainda emoções que estão
ligadas a diferentes aspectos de nossa personalidade como, por exemplo,
ansiedade, culpa, raiva, tristeza profunda etc. Essas coisas são diferentes em
cada um de nós. Portanto, aquilo que percebemos, que pensamos, as emoções que
estamos experimentando, tudo isso, determina a nossa conduta.
Concluindo, a personalidade é
composta de padrões distintivos e característicos de percepção, pensamento,
emoção e comportamento que definem o estilo pessoal e individual de se
relacionar com o mundo externo, as pessoas, os objetos etc.
Então o que estamos falando aqui é de evoluir estes aspectos. Como podemos
evoluir nossa percepção do mundo? Uma das formas de melhorar nossa visão de
mundo é mudando nossas atitudes. Por exemplo, se temos uma atitude de precaução
e autoproteção, vamos ver o mundo como algo ameaçador. O que vamos pinçar deste
mundo é qualquer uma destas pequenas coisas que podem nos amedrontar. Por outro
lado, se formos otimistas, vamos ver as coisas que são positivas no mundo
externo.
Swami Niranjanananda costuma perguntar:
quando você olha para uma flor, o que você vê? A flor ou os espinhos? Algumas pessoas passam a vida olhando a
flor, outras passam a vida se concentrando nos espinhos. E é apenas uma questão
de percepção pessoal. Da mesma forma que podemos mudar nossos padrões de
pensamento, podemos mudar os padrões de emoção e sentimento. Dessa forma,
podemos mudar nossos comportamentos e nossas relações sociais. É disso que o Yoga trata nos níveis inicial e
intermediário. Como fazemos isso? É isso que vamos ver neste fim-de-semana.
Quando saírem daqui amanhã, vocês terão o conhecimento e as ferramentas para
iniciarem o processo.
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Os cakras
O que são os cakras? Os cakras unem as cinco dimensões dos seres
humanos, porque eles estão presentes em cada um dos cinco corpos ou kośas. Existe uma representação dos cakras no corpo físico, no corpo
energético e em todo o complexo mental. Aqui vamos lidar com o complexo mental.
O tema das representações dos cakras
no corpo e os aspectos da energia são matérias para outro fim-de-semana. Estamos
lidando com a mente. Este seminário se chama Yoga, os Cakras & a Mente.
Os cakras são centros
específicos na estrutura do corpo do indivíduo, do sistema de energia, do
sistema mental-emocional, da nossa sabedoria e consciência espiritual; e eles
integram todos esses níveis. Eles unem os cinco kośas e têm representação em
cada um deles. Vamos lidar aqui com nossos seis principais cakras com o objetivo de evoluir nossa
personalidade através do Yoga. De
acordo com o Yoga, a personalidade de
cada um de nós expressa seis diferentes aspectos. São eles: segurança, prazer,
ação e poder, amor, comunicação e intelecto. Essas são as expressões mentais e
emocionais dos seis principais cakras.
É importante perceber os potenciais humanos dentro da teoria dos cakras. Um dos principais aspectos das
práticas de Satyananda Yoga é
melhorar as diferentes qualidades de personalidade agindo diretamente nos
nossos cakras. Mas sempre mantemos um
equilíbrio, trabalhamos em todos os seis cakras.
Mūlādhāra, swādhisṭhāna,
maṇipūra, anāhata, viśuddhi, ājñā. Esses são os seis principais cakras. Eu disse que não usaria palavras
em sânscrito, mas vocês vão ter que aprender estas porque elas serão usadas o
tempo todo. Eu não vou dizer cakra do
coração ou cakra umbilical, mas anāhata e maṇipūra. A segunda razão pela qual vocês têm que conhecer essas
palavras é que os nomes funcionam como mantras
que estimulam os cakras. Anāhata ativa a área do coração. Se você
repetir a palavra anāhata sentirá a
vibração na região cardíaca. Repitam algumas vezes e observem por si mesmos. E
acontece o mesmo com os nomes dos outros cakras.
Há também outros mantras para estes cakras. Por exemplo, os bīja-mantras: laṃ, vaṃ, raṃ, yaṃ,
haṃ e oṃ. Mas, nós utilizaremos os nomes dos cakras.
Mūlādhāra-cakra está localizado na área do períneo. Os
homens conseguem sentir a vibração exatamente nesta área, as mulheres costumam
sentir um pouco mais profundo na região do cérvix ou colo do útero. Mas, a
posição exata é algo pessoal, onde a pessoa consegue sentir. Depois vamos para swādhisṭhāna-cakra, ele está localizado na extremidade do cóccix, mas a maioria
das pessoas o sente na parte média do sacro. A mesma coisa acontece com maṇipūra-cakra que pode ser sentido em diferentes lugares. A posição
tradicional é na coluna vertebral, logo atrás do umbigo, mas eu pessoalmente
sinto em algum lugar no meio. Anāhata-cakra é geralmente localizado na coluna
vertebral, logo atrás do coração. Viśuddhi-cakra, na coluna vertebral, logo atrás
da laringe. E ājñā-cakra está exatamente no centro da
cabeça, alinhado com o ponto entre as sobrancelhas. Muitas pessoas sentem esse cakra entre as sobrancelhas.
Há ainda dois outros que não são bem cakras,
como o biṅdu, na parte de trás da
cabeça naquela região onde o cabelo faz um redemoinho. E há outro no alto da
cabeça chamado sahasrāra, dando um total de oito. E vamos fazer algumas coisas
para experimentá-los. Eu vou continuar usando esses nomes para que vocês possam
aprendê-los corretamente, porque, se vamos usar esses nomes como mantras, devemos pronunciá-los corretamente. Algumas vezes, vocês poderão
encontrar esses nomes de cakras com a
letra a no final. Da forma como se
pronuncia corretamente a palavra em sânscrito, esse a final é apenas como um sopro, que para o ouvido ocidental não é nem
sequer um som. Então, para os ouvidos ocidentais eu costumo tirar o a final para tornar a pronúncia mais
fácil. Isso se aplica a qualquer palavra em sânscrito com o a no final.
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A evolução da
personalidade através dos cakras e guṇas
O que vou apresentar aqui é um ponto de vista diferente a respeito dos cakras. É comum considerarmos os cakras como tendo uma ordem de mérito,
começando de baixo para cima: os mais
baixos ligados à segurança pessoal, sexualidade e poder
estão na parte inferior, num extremo mais físico. Os mais elevados estão ligados às características de amor, comunicação, intelecto e intuição, estão mais para cima, num extremo mais
espiritual. Há um mérito neste ponto de vista: é mais fácil que as qualidades
dos cakras superiores aflorem, se os
conflitos existentes nos cakras
inferiores já foram trabalhados. No livro Kundalini
Tantra Swami Satyananda escreveu:
Toda a vida está
evoluindo, e o homem não é nenhuma exceção. A
evolução humana é uma jornada através dos cakras. Mūlādhāra é o mais básico e fundamental de onde começamos nossa
evolução e sahasrāra é onde a evolução
está completa. Abaixo de mūlādhāra, é
o nível animal e instintivo e, acima de saharsrāra
é divindade indescritível. As pessoas evoluem individualmente e despertam os cakras de acordo com sua evolução. A personalidade pode ser relacionada a este
despertar dos cakras.
Duas coisas têm que ser percebidas aqui, ou melhor, mais de duas. Nós já
estamos evoluindo em termos de nossa personalidade. Paramahaṃsajī Satyananda
disse todo mundo está evoluindo, mas
ele diz também que o Yoga é como o pedal acelerador. Outro ponto, as
pessoas evoluem individualmente e despertam os cakras de acordo com seu processo pessoal. Isso não quer dizer que
todo mundo começa a evoluir ou despertar a partir de mūlādhāra, mas que cada pessoa vai ter um ou outro cakra mais desperto. E a personalidade está relacionada com o padrão de despertar dos cakras e é sobre isso que vamos falar agora.
Então há esse ponto de vista vertical de mūlādhāra até sahasrāra.
Mas, se olharmos as características de personalidade ligadas a cada cakra, veremos que em cada um há qualidades
ou níveis superiores e inferiores. Nesse caso, as qualidades superiores e
inferiores estão em cada um dos cakras.
Imaginem a linha dos cakras na
horizontal e o eixo de evolução de cada cakra
na vertical. Se colocarmos a figura deitada, veremos assim as características
de personalidade: segurança – alegria – poder – amor – comunicação – intelecto.
Pode haver uma evolução baixa em alguns cakras e uma evolução superior em outros cakras. E os diferentes cakras
podem ter evoluído em graus diferentes em cada um de nós. Alguns podem ter um anāhata-cakra altamente evoluído e um maṇipūra menos desenvolvido. Há ainda
uma terceira coisa que temos de lembrar: alguns cakras estão mais ativos em cada um de nós do que outros. Então as
características de personalidade daquele cakra
mais ativo domina nossa personalidade total. Vamos falar mais sobre isso
depois.
Agora vamos continuar enfocando a evolução das qualidades dos cakras. Do quê estamos falando quando nos referimos à evolução? Cada um dos
cakras está num grau mais alto ou
mais baixo de evolução em cada um nós. Este nível de evolução é expresso no Yoga através do conceito de guṇas.
E o que são guṇas? O termo guṇa significa qualidade,
dimensão ou evolução. Apesar de estarmos falando da personalidade da mente , na
verdade, toda a natureza pode ser analisada em termos de guṇas, pois é um conceito muito amplo. Como nós estamos lidando com
a personalidade humana com a mente, podemos restringir o conceito. Alguém já
leu a Bhagavadgītā? No capítulo catorze e em grande parte
do capítulo dezoito, o Senhor Kṛṣṇa lida como os guṇas e como eles se aplicam à personalidade humana.
Os guṇas são três: tamas (inércia), rajas (movimento) e sattva
(equilíbrio). Lembre-se que estamos falando de níveis de evolução, não há
separação rígida entre eles, é um processo contínuo. Então, dividir a evolução
em tamas, rajas e sattva é algo
arbitrário. Na verdade, o que há é um processo suave sem quebras. As palavras
que o Senhor Kṛṣṇa usa para definir tamas
são inércia, peso, escuridão, letargia,
preguiça, ignorância, falta de ética, visão limitada ao nível de sobrevivência,
pensamento ilógico, egoísta, fanático, emoções negativas baseadas na
sobrevivência, ações defensivas ou agressivas, capacidade de melhora bloqueada.
Mas, não condene as pessoas que estão neste nível, vocês não sabem quais foram
às experiências na vida que elas tiveram. Procure ver o potencial dessas
pessoas.
Então, temos principalmente duas
áreas relacionadas com tamas. A letargia,
cansaço ou preguiça e o sentir-se travado, bloqueado. É difícil sair disso
e não é um bom lugar para se estar. Segundo ponto: a falta de habilidade de ver as necessidades ou direitos dos outros,
não apenas pessoas, mas também animais, meio ambiente etc. Então é importante lembrar estes dois
aspectos de tamas.
O guṇa rajas é definido por Śrī Kṛṣṇa como apaixonado. Em rajas há ação o tempo inteiro: mudança,
movimento, força e impermanência. Na
personalidade há a necessidade de satisfazer os desejos individuais,
experiências de atração e repulsão, ambição pessoal, ego, esforço e liderança.
A visão é oportunista, a emoção é positiva se as coisas estão indo bem, e as atividades
são realizadas para satisfazer os desejos e as ambições pessoais. Então o importante
aqui é ação para satisfazer meus desejos.
Enquanto tamas , você tem o
sentimento de estar sendo ameaçado, e você tenta se proteger; em rajas você tem uma qualidade de ação
mais extrovertida, mas para benefício pessoal.
Sattva guṇa é definido por Śrī Kṛṣṇa como pureza. Outras qualidades relacionadas
são: luz, percepção clara, simplicidade,
a essência da aprendizagem e do despertar, procurando e obtendo conhecimento.
Procura-se ver as oportunidades de
ajudar, o pensamento é apurado, intuitivo e sábio. As emoções são positivas baseadas na fé. A aspiração é altruísta e ética, e as atividades são realizadas pelo
bem de todos. Leva à iluminação, ao nosso verdadeiro estado de iluminação. De acordo com os yogīs, cada um de nós está
completamente iluminado. Mas, nossa
identificação com aquele estado iluminado está encoberta, bloqueada. Um dos
processos principais do Yoga é
desbloquear isso. De forma que nos identifiquemos com aquilo que realmente já
somos. E vocês vão entender isso melhor no decorrer do seminário.
As qualidades das nossas ações
1. Ação de tamas: estado
interior, inércia, estado defensivo, escuridão, ignorância das necessidades de
outras pessoas, podendo machucar os outros.
2. Ação de rajas: dinâmica, surge do
ego para satisfação dos desejos e ganhos pessoais.
3. Ação de sattva: em harmonia com o
cosmos e com a lei natural. Não é egoísta, é amável, ético, feita com equanimidade
e pelo bem de todos.
É importante lembrar que os cakras são uma forma de olhar a
personalidade humana. Eles são reais, e Satyananda
Yoga trabalha com eles para evoluir nossa personalidade. Geralmente cada um
de nós se especializa em um ou dois, mas muito pouca gente tem todos eles em
equilíbrio. Os cakras mais ativos em
cada um de nós ajudam a determinar nosso estilo pessoal. Devemos lembrar também
que o sistema de cakras não é tão
simples quanto parece. Estamos lidando aqui apenas com os aspectos da
personalidade, e as divisões entre os níveis de guṇas são gradativas. Vou falar mais disso daqui a pouco.
Eu já falei que esses níveis são graduais e não estão divididos
rigidamente entre si. Falei também que cada um de nós já está nos níveis mais
altos, já estamos iluminados. Por milhares
de anos, os adeptos espirituais nos têm dito, desde o seu nível de iluminação,
que cada um de nós já está no nível mais alto de consciência e que já somos
espíritos puros. Mas, estamos presos num nível inferior de consciência e
distraídos nos dramas que não nos deixam perceber quem realmente somos. Nós
precisamos transcender esses dramas e assim poderemos voltar para casa, para
nossa verdadeira herança.
Qual é essa herança? Nós já estamos iluminados e somos um com a
consciência absoluta, bem-aventurança transcendental, segurança total, poder
vasto para o bem, amor universal, onisciência, comunicação total com o espírito
universal. Onisciência não quer dizer
saber tudo, mas conhecer o que o Todo realmente é. Quer dizer, você pode atingir esse nível de consciência
e não saber como funciona o motor de um carro.
Essas são as categorias que vamos usar para falar dos aspectos da evolução
dos cakras associados à evolução da
personalidade nos diferentes níveis de guṇas.
Ao invés dos três níveis tamas, rajas e sattva, vamos usar oito níveis: tamas;
tamas-rajas; rajas-tamas; rajas; rajas-sattva; sattva-rajas; sattva e iluminado; destacando assim o aspecto
gradual da evolução e proporcionando uma idéia desses diferentes níveis dos
aspectos da personalidade dos seis principais cakras.
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A expressão dos aspectos
dos cakras
Lembre-se de que cada cakra
afeta nossa percepção das pessoas e do mundo, nossa memória, os padrões de
pensamento, as emoções e o comportamento. Temos seis cakras principais e temos oito níveis de evolução em cada um dos
aspectos da personalidade ligados a cada cakra. Temos então 48 categorias. Ou seja, as
categorias que estão ativas dentro de nós, em determinado momento, vão
influenciar a forma como percebemos o mundo, os aspectos da memória que estão
disponíveis para nós, a forma como estamos pensando e sentindo e a forma como
vamos nos comportar. Então aqui temos um modelo de personalidade humana e o
trouxemos para essas diferentes dimensões. Vamos agora examinar cada uma delas.
Mūlādhāra-cakra :::
segurança
Mūlādhāra-cakra está ligado com a segurança, aquisição
de dinheiro, posses materiais e também está relacionado com o aspecto reprodutivo
da sexualidade. Há um processo fisiológico, mas não vamos entrar nessa área,
vamos ficar apenas com os aspectos da personalidade e ver como eles se encaixam
nos oito níveis.
Em mūlādhāra estamos lidando
especialmente com o aspecto de segurança.
O nível mais tamas em mūlādhāra é a experiência de terror.
Qual é o extremo da insegurança? Ou qual é o nível mais tamas de segurança? Obviamente é o medo extremo. O termo terror quer dizer um medo extremo e
incontrolável, o tipo de coisa que acontece num ataque de pânico. Esse é o
extremo mais tamas de mūlādhāra.
Quando nos tornamos um pouquinho mais rajas
(nível tamas-rajas), surge mais ação
e controle pessoal, não estamos mais completamente, inundados de terror. Temos
então, o que chamamos de ansiedade.
Há ainda um medo, mas não nos sentimos desesperados.
No nível rajas-tamas há ainda mais ação e mais condição da pessoa
fazer alguma coisa em relação ao que esta acontecendo. A pessoa neste nível já
consegue fazer alguma coisa para lidar com o medo. Talvez se alcoolizando, usando drogas ou fazendo o que geralmente acontece
no mūlādhāra-cakra: acumular dinheiro e posses na esperança
de se sentirem mais seguras, mas nunca acontece porque a insegurança vem de um
outro lugar. Não interessa o quanto possa acumular em bens, a pessoa continua
se sentindo insegura. Temos o exemplo de diretores de companhias que são muito
ricos e que acabam destruindo a companhia para poderem fugir com alguns milhões
de dólares só para eles. Isso é a avareza
ou apego material. Freud falou dessas
pessoas e caracterizou sua personalidade como anal, cuja característica é a retenção e ele diz também que essas
pessoas estão sempre constipadas, elas seguram tudo, não conseguem deixar nada ir.
O nível rajas é o nível onde a
maioria das pessoas na sociedade ocidental está, principalmente nos chamados
países desenvolvidos. Também há alguns no nível rajas-tamas e menos gente nos níveis extremos de tamas e sattva. Isso quer dizer que a
qualidade predominante nas pessoas é rajas.
E, quando falamos de segurança, dinheiro e posses, as pessoas rajas normalmente, se sentem seguras,
elas conseguem fazer alguma coisa para atingir o nível de segurança. E elas
estão sempre procurando dinheiro para si próprias e para suas famílias.
No nível rajas-sattva há maior
influência de sattva. Como essas
pessoas lidam com segurança, dinheiro e posses? O que difere rajas de sattva é o sentido de nós,
de coletividade. Visualizando tamas, sou eu me protegendo de todos os outros que estão aí fora.
Visualizando rajas, sou
eu tentando ver o que consigo pegar para mim deste mundo externo. O que há de sentimento nestes dois níveis é
a sensação de falta, de não ter e precisar buscar lá fora. Mas a verdade é
que a segurança total é o que eu já sou.
E é só com a clareza de sattva que eu
consigo vivenciar isso. Em sattva os
níveis de rajas e tamas, que podem ser chamados de lixo
mental, estão superados. Então, quando sattva
começa a brilhar, a pessoa passa a sentir essa segurança que já está dentro de
si e começa também a desenvolver o sentido de nós ao invés de eu, seja
me sentido ameaçado pelo outro como em tamas
ou vendo o outro como sendo a fonte do que eu quero como em rajas.
Então, no nível rajas-sattva, em
mūlādhāra, a pessoa demonstra generosidade. Neste momento, uma coisa estranha
começa a acontecer. Por exemplo, se eu quero uma coisa e você a tem, se eu
estou em tamas, eu vou bater na sua
cabeça e tomá-la. Essa seria a atitude tamas-rajas.
Se eu estou em rajas, eu
provavelmente faria um negócio com você de forma a conseguir o que eu quero. Se
eu estou em tamas e bato na sua
cabeça, muitas coisas vão decorrer desta ação: a polícia vai bater à minha
porta, eu vou acabar sendo um hóspede do governo num hotel que, com certeza,
não é cinco estrelas. Então, em outras palavras, o nível tamas leva a círculos
viciosos em todos esses diferentes aspectos da personalidade. Em rajas não temos esses círculos, é mais a
questão dos jogos e acordos que fazemos ao lidar com os outros.
Por outro lado, sattva leva a
círculos virtuosos. Quando eu estou em sattva,
em vez de bater na sua cabeça e pegar o que eu quero, fazendo de você um
inimigo, eu sou generoso com você. Eu te dou coisas. A lei do karma entra de novo de uma forma
positiva. Porque a minha generosidade volta para mim, nós acabamos sendo amigos
dando coisas um para o outro. Quanto mais desenvolvemos e entramos em sattva, mais vamos criando círculos
virtuosos que nos fazem ficar cada vez melhor. E há um verso pequeno no
capítulo 14 da Bhagavadgītā onde Kṛṣṇa
diz que as pessoas em tamas descem, as pessoas em rajas ficam no
meio e as pessoas em sattva sobem.
É um pensamento bem simples, e você pode achar que não há nada demais nele, mas
é um dos segredos mais maravilhosos e fundamentais da vida. Jesus teve o mesmo
pensamento com ainda menos palavras e disse: recebemos de acordo com o que damos. Quer dizer que, se eu bater no
seu nariz, eu vou levar o mesmo de volta e as coisas vão piorar.
Quando se chega no nível sattva-rajas,
a pessoa se sente muito mais segura internamente. Começa a experimentar esta
segurança que está dentro de si e vai obter posses, mas as usa para beneficiar
as outras pessoas. Um belo exemplo disso é o trabalho que está sendo feito por
estes dois saṃnyāsis que organizaram
este seminário. Eles têm posses e coisas, mas a vida deles está completamente
dedicada a transmitir o Yoga para as
pessoas. E eu sei que há outros de vocês neste mesmo grupo que estão neste
mesmo nível.
Agora chegamos em sattva. Este é
o nível onde a pessoa está clara. A segurança aqui é o que eu chamo de
sentimento visceral, ou seja, a pessoa não está apenas se sentindo segura, ela
é a própria segurança. Acima deste nível entramos numa outra dimensão
totalmente diferente, o aspecto iluminado de mūlādhāra. Essa é a união com o absoluto. Jesus disse: Eu e meu Pai somos Um. Isso não é apenas
um conceito intelectual, é a imersão total na Consciência Absoluta. Então, se
eu e meu Pai somos um, e não há ninguém mais, a segurança é total. Quando a
pessoa que tem essa experiência de iluminação volta deste nível, ela se torna
uma pessoa completamente diferente do que era antes. Há uma realização interna
onde finalmente eu estou totalmente seguro. O corpo pode ser vulnerável, mas Eu não. E esse é o ponto máximo da
segurança. Vamos lidar com os outros cakras
da mesma maneira.
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Swādhisṭhāna-cakra :::
alegria e prazer
A qualidade deste cakra tem a
ver com a alegria, com o aspecto de prazer ligado ao sexo e com o bom humor. A depressão é o aspecto mais tamas do swādhisṭhāna-cakra. Os yogīs dizem que, se alguma condição
afeta um kośa, todos os outros também
sentirão o efeito. Por exemplo, se algum estímulo afeta o corpo físico, seus
efeitos se expandem para todos os outros kośas.
Qualquer estímulo, positivo ou negativo, acaba afetando todos os outros kośas.
A depressão é um ótimo exemplo de uma condição que afeta todos os kośas. Há um nível bem baixo de humor,
total ausência de alegria e otimismo, muita tristeza e pessimismo. A pessoa
deprimida não vê qualquer esperança no futuro. Em casos mais graves, pode-se
chegar até mesmo ao suicídio. Mas, também há efeitos sobre o nível de energia
ou vitalidade do corpo. Todo o funcionamento do corpo se desacelera. Os
movimentos se tornam vagarosos, em alguns casos pode se observar agitação, mas
isso também acaba levando a uma desaceleração das funções do corpo. A mente
também é afetada. Na depressão temos dificuldade de raciocinar, tanto o
pensamento quanto o comportamento ficam lentos. A pessoa tem dificuldades de
ter pensamentos elevados e experimenta um estado de grande isolamento
espiritual, ou seja, até anandamaya-kośa é afetado. Mesmo a pessoa que
sentia muito próxima de Deus, sentir-se-á só e isolada com a depressão. Essas
pessoas podem chegar a pensar que são algum tipo de terríveis pecadores. Enfim,
a depressão não é um bom lugar para se estar. Eu mesmo estive lá há uns 38 anos
atrás e posso falar de experiência própria. Qualquer um de vocês que tiver
realmente passado por uma depressão sabe de que eu estou falando.
Quando há um pouco mais de rajas
neste processo, a depressão dá lugar a uma tristeza profunda associada à
inabilidade de experimentar alegria na vida. Quando houver mais rajas, haverá também um pouco mais de
ação. Nos estados tamas e tamas-rajas não existem desejos sexuais. Este aspecto do swādhisṭhāna está encoberto. Quando se atinge o nível rajas-tamas haverá ainda um pouco de tristeza associado com tamas, mas neste caso teremos desejos sexuais. Pode ser que o sexo se torne
uma compulsão como uma tentativa de encontrar um pouco mais de alegria na vida.
Mas lembre-se de que tamas é a
inabilidade de reconhecer as necessidades das outras pessoas. Então, neste
caso, a atividade sexual tende a ser exploradora da outra pessoa.
O nível rajas é o nível médio
onde a maioria das pessoas está, e a característica principal é a tentativa de encontrar prazer no mundo externo. A
atividade sexual aqui assume um caráter de maior mutualidade. Mas, como já disse antes, em rajas não
conseguimos perceber a bem-aventurança que nós já somos. A consciência desta
bem aventurança continua encoberta e então o único jeito de conseguir prazer e alegria é buscando no mundo
exterior. Neste nível de rajas já
compartilhamos alguma coisa com o outro.
No nível rajas-sattva estão às
pessoas que possuem senso de humor e
geralmente são alegres. Elas têm mais
intimidade na vida sexual e conseguem compartilhar esta intimidade. Têm amor e consideração pelas outras pessoas.
Geralmente é uma boa maneira de se viver, mas há muito mais do que isso. Neste
nível o sattva começa a trazer alguma
consciência da alegria interior que já existe dentro da pessoa. Quando a
qualidade sattva aumenta para o nível
sattva-rajas, a pessoa tende a permanecer sempre contente e feliz,
mesmo sem prazer sexual. Há um sentimento de prazer surgindo do interior. Assim vamos nos aproximando de um nível onde
a pessoa não precisa mais necessariamente do sexo. Apesar disso, neste estágio
pode ocorrer um alto nível de relação com muita intimidade, o que é muito agradável.
Isso ocorre porque neste nível não há nenhum bloqueio para o fluxo de
intimidade. Duas pessoas neste mesmo nível podem levar uma vida muito bela em
relação a esta qualidade.
Quando chegamos no nível sattva,
o que há é alegria efervescente. Essa
pessoa é alegre e, onde quer que ela esteja, contamina todos com sua alegria. A
alegria simplesmente flui dela para o mundo. Se uma pessoa assim chega a um
lugar onde todos estão tristes, falando de política, de corrupção, de coisas
negativas, em minutos ela ilumina todo o lugar e os políticos já não parecem
tão maus.
Neste nível mais elevado pode surgir o que se chama de celibato espontâneo. A pessoa já está
preenchida interiormente com esse sentimento de êxtase, que é o que o ato
sexual proporciona. Ouvimos falar de monges e celibato, mas há apenas dois
tipos de pessoas para as quais o celibato é fácil. Para aqueles que não têm
nenhum tipo de atividade acontecendo no swādhisṭhāna-cakra,
e para aqueles onde o cakra está
plenamente ativo. Essas pessoas que estão funcionando no nível superior de sattva não precisam compulsivamente do
mundo exterior. Qualquer um que não se encaixe nesses dois quadros não está
apto ao celibato. Não importa quantos votos façam, vai ser sempre um problema.
Há exemplos disso em todo o mundo. A pessoa que faz voto de celibato quando tem
16 ou 17 anos, estando no nível rajas
de swādhisṭhāna-cakra, está destinada
ou ao fracasso ou a desenvolver uma série de problemas e sentir culpa. Mas,
para algumas pessoas, o celibato é apenas o fluxo natural da vida.
Então, mais uma vez a cena muda, passamos através daquele véu e nos abrimos para a experiência de
iluminação. Isso é o que os yogīs
chamam de ānanda ou o conceito
cristão de êxtase. É a sintonia com a
experiência de bem-aventurança total. Quando uma pessoa tem essa experiência,
ela percebe que o prazer sexual é muito menor do que o prazer que ela está
experimentando agora. Geralmente não permanecemos neste estado elevado. Eu
imagino que, se permanecêssemos nele, não faríamos nada útil para o resto da
vida. Ficaríamos apenas nos extasiando. Vocês já devem ter notado a palavra ānanda adicionada ao nome de alguns saṃnyāsins.
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Maṇipūra-cakra ::: poder
Vamos ver agora a qualidade do poder. O que é poder? Qual a definição de poder ou força na
física? É a capacidade de realizar trabalho. E o que são o poder e a força nas
relações interpessoais? É a mesma coisa, ou seja, a habilidade de conseguir que
as coisas sejam feitas, a habilidade de usar nossas ações para conseguir que as
coisas aconteçam e, à medida que as realizamos,
isso aumenta nossa auto-estima. Embora nossa auto-estima possa vir de outras
formas, ela vem basicamente da capacidade para agir. Existem algumas pessoas
que simplesmente não conseguem andar. Existem pessoas que têm muita dificuldade
até para sair da cama e, quando conseguem, é difícil começar a fazer alguma
coisa. Então essa pessoa senta na poltrona, liga a TV e hoje em dia já nem
precisa levantar para mudar o canal. Elas vêem as louças sujas, baratas
passeando pelas louças e aí isso faz com que se sintam ainda pior, levando a
energia mais para baixo. Pessoas assim, definitivamente precisam ser expostas a
algumas práticas de Yoga.
Quando aumentamos o rajas, a
pessoa começa a se sentir culpada pela falta de ação e nesse caso a baixa
auto-estima é um problema. Por que as pessoas ficam bloqueadas em tamas? São os círculos viciosos. Temos a culpa, a baixa auto-estima e
esses são os sentimentos menos motivadores que podemos ter. Então ficamos bloqueados neste nível.
Quando temos mais rajas, há duas
coisas que acontecem. Lembrem-se de que eu falei de dois aspectos principais de
tamas: falta de atividade, letargia,
inércia e a incapacidade de perceber as necessidades e direitos das outras pessoas.
Poderá haver frustração quanto ao primeiro aspecto de tamas, mas, se há muito rajas
acontecendo junto com uma influência muito forte de tamas, você vai ter uma
dessas pessoas que gostam de mandar e
passar por cima dos outros. Tornam-se
ditadores, tentando assumir o
controle de tudo, mas sem nenhum tipo de consideração pelos direitos das
outras pessoas. Geralmente a única exceção é o pequeno grupo de amigos
próximos. O último século produziu vários exemplos deste tipo de pessoas. Eu
poderia dizer que essas pessoas estão muito ativas no maṇipūra-cakra e pouco ativas no anāhata-cakra (coração). São pessoas muito perigosas. E o último
século nos deu dois grandes exemplos: Hitler e Stalin.
No nível rajas tempos as pessoas
que são ativas e conseguem fazer o trabalho. Eu uso a palavra corajosos para defini-las. Elas vão e começam as coisas, tem
iniciativa, fazem acontecer. São as que chamamos de pró-ativas.
Vamos ver agora as pessoas com um pouco da energia de sattva. Quando falamos do mūlādhāra
nos referimos as pessoas que são generosas com seu dinheiro e posses. Aqui, em maṇipūra, temos as pessoas que são generosas com seu tempo. Essas são as
pessoas que se tornam a coluna central de todos os aśrams, de grupos religiosos e de qualquer tipo de organização para
ajuda comunitária.
A pessoa em rajas só vai lhe ajudar a fazer alguma coisa se
receber algum retorno ou benefício para si mesma. Nos níveis mais sattva, a pessoa ajuda simplesmente porque é a coisa certa a fazer. No nível sattva-rajas estão às pessoas chamadas de karma-yogīs num nível
médio. Pois há um nível elevado de karma-yoga.
Mas no nível médio a pessoa está ativa na comunidade pelo bem das outras
pessoas e não faz por ganância ou pensando nos benefícios que pode receber,
seja dinheiro, fama etc. Ela está
ajudando simplesmente porque é o que sente que deve fazer e, se ajuda com
consciência e equanimidade, então está praticando karma-yoga.
Quando chegamos ao nível sattva,
acontece uma coisa interessante. No nível de maṇipūra estamos lidando com a habilidade de conseguir que as
coisas sejam feitas; e no nível sattva,
de que as coisas boas sejam feitas. Vocês que ensinam Yoga, estão fazendo uma coisa boa para as outras pessoas. E, à
medida que usamos nossas vidas desta forma, começamos a perceber coisas
interessantes, algumas pequenas coisas acontecem. Precisamos que alguém faça um
trabalho e neste mesmo instante, alguém entra pela porta. Você precisa de 2.500
dólares, e alguém lhe dá exatamente essa quantia. Então, começamos a perceber
que essa coisa misteriosa que podemos chamar de Graça Divina está por toda parte, e conseguimos tudo o que
precisamos. Não para nosso benefício pessoal, mas para que o trabalho seja
feito. Percebemos que apenas transitamos por esse trabalho que estamos fazendo,
como alguém sobre uma prancha de surf. Você primeiro rema tão rápido quanto
consegue, um trabalho duro, e depois sente que é simplesmente levado. Essa
sensação da Graça Divina estar lhe
conduzindo pelo trabalho é um nível bastante sattva de maṇipūra. Onde
eu morei na Austrália havia uma pequena igreja com um cartaz que dizia deixe fluir, deixe Deus agir. Isso não
quer dizer que devemos ficar deitados e esperar que tudo aconteça por milagre.
Significa que, se você consegue deixar de
lado o envolvimento do egoísmo no seu trabalho, então a Graça Divina entrará e
tomará este lugar. É o que o Senhor Kṛṣṇa chama de não-ação na Bhagavadgītā.
Indo a um nível mais elevado, temos o que chamamos de milagre. Milagre é
apenas a Graça Divina canalizada
através de uma pessoa que é tão pura e aberta que simplesmente pode se tornar
um instrumento. Essa é uma qualidade que muitos mestres possuem. São Francisco
disse: Senhor, fazei-me um instrumento de
vossa paz. Vocês se lembram da história em que Jesus estava caminhando, e
uma mulher se aproximou, tocou as roupas dele e foi curada? Ele simplesmente
falou alguma coisa do tipo: Ó, alguém foi
curado. Esse tipo especial de
milagre não parece ser fruto de uma
intenção, mas é o que acontece quando alguém está na presença de um desses
mestres. Jesus chegou a demonstrar alguns milagres, mas se você conhece bem o
evangelho poderá entender que ele fez isso por causa da missão que ele tinha.
No Yoga esses poderes são chamados de
siddhis, e os mestres não os usam.
Antes, eles permitem serem usados pelo poder, se tornando um canal sem egoísmo.
Vejamos a qualidade de maṇipūra
no nível de iluminação. Ao atravessarmos aquele véu, unificamo-nos com o poder do Universo e percebemos que ele
flui em cada um de nós. Compreendemos ainda que, se desbloqueamos nossos
canais, podemos ser usados como instrumentos desse poder divino. O yoga trata de desbloquear esses canais.
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Anāhata-cakra ::: amor e
compaixão
Qual seria o nível mais tamas do
anāhata-cakra? Alguns estão dizendo que é o ódio, mas o ódio pode vir de qualquer
dos cakras. Se você frustra os
desejos de qualquer cakra, é provável
que a pessoa vá odiar você. O nível de maior tamas do anāhata-cakra é
a apatia ou indiferença, é não se
importar com ninguém. Se há alguém morrendo diante dos olhos de uma pessoa
neste nível, ela simplesmente desvia o olhar e segue o caminho.
No nível tamas-rajas, a pessoa
começa a desenvolver a qualidade de cuidar dos outros, mas num nível muito
frágil. Ou seja, a pessoa ajuda enquanto
vê a possibilidade de satisfazer alguns desejos pessoais, depois disso o
outro não vale mais nada. No nível rajas-tamas
há alguma preocupação com as pessoas e animais mais próximos, mas o tamas impede a pessoa de chegar à
intimidade. No nível rajas,
observamos o que pode ser considerado amor
condicional.
De acordo com o que estamos falando aqui, cada um de nós já é amor
transcendental, mas esse amor está encoberto pelo lixo mental. A pessoa no nível rajas
pode dar amor para outra pessoa, mas quando faz isso sente que está perdendo
alguma coisa. Por isso, precisa conseguir
alguma reposição do mundo exterior como um retorno para aquele amor que está
dando. É por isso que chamei de amor
condicional. Eu te amo desde que você
prometa me amar, você vai ser sempre meu e nunca vai amar mais ninguém. Você
vem para minha gaiola e vai ficar lá. Esses são os casais 50%: eu te dou
50% e você me dá 50%. Na Austrália esse tipo de casal é considerado um bom
negócio. Eu acho que não deve ser tão bom assim porque as pessoas perdem muito
tempo fazendo contas: eu te dei 51% de
amor ontem, e você só me deu 49% e, se você não me der 52% de amor hoje, eu vou
me magoar.
Essa não pode ser uma relação feliz. E qual seria? A relação 100% x 100%,
em que você está pronto para dar tudo. Novamente uma coisa interessante começa
a acontecer, pois, quando você começa a dar dessa forma, isso começa a voltar
para você. Não porque você esteja solicitando, mas porque você está dando. E
isso é o que acontece quando a qualidade de sattva
começa a entrar em nossas vidas. No nível rajas-sattva,
você tem um cuidado bastante óbvio com as
outras pessoas. Profissões que envolvem cuidar dos outros atraem pessoas
neste nível. Enfermeiros, médicos, pessoas que trabalham para o bem dos outros,
seja recebendo dinheiro ou como voluntários.
Quando nos tornamos mais sattva,
começamos a vivenciar o amor que realmente somos. Muito daquele lixo mental já
foi retirado e sentimos o amor que verdadeiramente somos. Esse amor flui para
as outros pessoas, flui para o mundo todo, não apenas para um grupo próximo,
mas para todas as pessoas, árvores e animais, para todo o planeta Terra.
Com relação ao nível sattva,
essa pessoa simplesmente é amor. E
assim somos todos nós, mas a pessoa no nível sattva já retirou todas as barreiras que impedem esse amor, e o amor
flui através dela e os outros então, conseguem sentir isso. Eu me lembro de um
acontecimento estranho. Um mestre espiritual da Índia que não está relacionado
com meu guru ou nosso grupo, veio morar em minha casa por um mês. Seu nome era
Puja, e ele era uma pessoa maravilhosa. Na manhã seguinte à sua chegada, eu
estava sentado lendo o jornal quando comecei a sentir esse amor dentro de mim e
foi surpreendente. Comecei a amar tudo que estava vendo, consegui ver uma
beleza plena em cada objeto. E alguns momentos depois ele entrou e disse bom dia. Então eu percebi que aquele
amor era como uma onda que estava
vindo dele, fluindo dele. Eu acredito que ele não estava pensando há, eu vou mandar amor para esse homem.
Ele simplesmente era amor. Assim como uma flor não pensa há, vem vindo alguém, vou jogar um pouco de perfume. O perfume
apenas flui naturalmente. E era isso que estava acontecendo com esse homem. Foi
um bom mês.
Então, mais uma vez rompemos o último véu
e nos tornamos conscientes do Amor do Universo.
Que todo Universo é um oceano de amor e nos dissolvemos nesse amor como um grão
de açúcar se dissolve na água. Quando saímos desse estado, passamos por uma
fase de consciência e percebemos que realmente tudo está baseado nesse amor,
tudo está certo, que aparentemente este mundo é uma tragédia terrível, mas tudo
está baseado num plano divino que tem como substrato o amor.
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Viśuddhi-cakra :::
comunicação
O nível tamas do viśuddhi-cakra é o isolamento. Há como que uma parede de vidro separando a pessoa. Ela
sente realmente, muita dificuldade em comunicar com o outro. Onde eu mais vi
isso foi na forma da esquizofrenia. Quando estamos com pessoas que têm alguma
forma de esquizofrenia, conseguimos perceber o que os psiquiatras chamam de
parede de vidro. Essas pessoas são muito isoladas das outras. Eu vi isso também
em casos de veteranos de guerra do Vietnã.
No nível tamas-rajas, as pessoas terão contatos limitados
geralmente com aqueles com quem não sentirão nenhum tipo de medo. No nível rajas-tamas, lembrem-se
de que rajas é ação, essas pessoas vão
conseguir se comunicar. Mas o tamas
é negativo, o que torna a comunicação
sempre negativa, por exemplo, na forma de reclamações. Se você diz que lindo dia, a pessoa responde, é mas tem uma nuvem lá e a qualquer momento
vai chover, e as roupas que eu lavei não vão secar. Se uma pessoa assim é
muito forte no viśuddhi-cakra, ela
vai para todos os lados reclamando de alguma coisa.
No nível rajas encontramos a
forma mais comum de comunicação entre as pessoas. Provavelmente não vamos
encontrar ninguém neste nível discutindo sobre a teoria da relatividade de
Einstein ou sobre a evolução da personalidade individual. Mas, nesse nível as
pessoas se comunicam adequadamente entre
si. Quando se tem mais sattva,
lembrem-se de que essa é à força de transcendência dos bloqueios, temos aquelas
pessoas que se comunicam facilmente. Se essa comunicação é através da fala,
chamamos essa pessoa de eloqüente. Mas, as pessoas nesse nível vão se comunicar
bem em todos os diferentes canais como as palavras, as ações, a linguagem
corporal involuntária, as emoções, telepatia, etc. Todos esses canais se tornam
coerentes, todos estão dizendo a mesma coisa.
Nos níveis mais baixos, temos a pessoa dizendo uma coisa com a boca e
outra com o corpo. É o exemplo daquela mulher que chega para o psiquiatra, e
ele pergunta: como vai sua vida conjugal?
Ela responde: vai bem, muito boa
enquanto balança a cabeça e tira a aliança. Nesse exemplo as palavras estão dizendo uma coisa, e a linguagem
corporal outra. Por isso, quando você é um psiquiatra, não dá tanta importância
às palavras, você nota que a aliança está sendo tirada do dedo e então faz
outras perguntas.
Quando desenvolvemos mais sattva, todos esses níveis estão dizendo
a mesma coisa. Outro detalhe é que a comunicação neste nível não fere os
outros. Esse estágio é a facilidade de dizer a coisa certa. No nível sattva, consegue-se a congruência total em todos os canais de
comunicação. Alguém neste ponto pode influenciar milhões de outras pessoas.
Esperamos que neste caso os outros cakras
também estejam desenvolvidos. Hitler é novamente um exemplo de alguém com um
alto nível de comunicação, mas os outros cakras
não estavam tão desenvolvidos.
Quando chegamos ao nível iluminado,
sintonizamo-nos com a comunicação total
do cosmos. Os yogīs, há milhares
de anos atrás, já sabiam o que os cientistas estão descobrindo agora: que todos
os átomos do universo estão em constante comunicação em todos os níveis.
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Ājñā-cakra ::: intuição e
sabedoria
Ājñā-cakra está relacionado com o intelecto e o
pensamento. Nos níveis mais elevados, com intuição e sabedoria. No nível tamas, a pessoa simplesmente não consegue pensar. No nível tamas-rajas, a pessoa finge que não
consegue pensar, mas poderia pensar um
pouco melhor. Mas, como já tentou pensar várias vezes e falhou, sente-se
agora embaraçada com isso. No nível rajas–tamas
temos mais rajas e com isso a habilidade para pensar, mas devido à presença de tamas, o pensamento busca tirar vantagem oportunista.
No nível rajas encontramos a competência intelectual. A pessoa é
lógica o suficiente para tocar a vida. Quando começa o nível rajas-sattva, temos o processo de pensamento
se tornando mais claro e, desde que não haja nenhum comprometimento físico, ou
seja, com um cérebro normal, você pode chamar
uma pessoa neste nível de inteligente.
No nível sattva-rajas, temos a
pessoa que pensa muito claramente.
Mas há ainda outra coisa acontecendo, não é apenas o nível lógico que funciona
bem, a pessoa começa a se sintonizar com
a sabedoria que vem de cima. Se vocês não acreditam que existe muita informação
lá em cima, acreditem, porque há. Algumas pessoas têm a habilidade de abrir o
canal e receber essa informação de cima. São chamados de gênios, de pessoas criativas com
pensamento original. Pensamos que a idéia original ou criativa é da pessoa, mas
provavelmente está vindo lá de cima. Essa idéia pode ser aplicada a esse conhecimento
que vocês estão recebendo agora.
No nível sattva, temos intuição e pré-cognição, e isso é algo muito comum. Algumas vezes temos um
sonho hoje de uma experiência em uma situação, e ela não vai acontecer neste
nível de consciência pelos próximos 3 ou 4 meses e, quando acontece é
exatamente a mesma coisa. Você até sabe quais são as palavras que virão depois.
Até os cheiros e os barulhos em volta são os mesmos. Então você começa a se
perguntar em que tempo está realmente vivendo?
No nível mais elevado, temos o
que chamamos de onisciência. A
palavra quer dizer conhecer tudo, mas
não é exatamente isso, você não conhece tudo. O sentido aqui é perceber todo o
sentido da existência, tudo se abre para
você e de repente você consegue saber o que toda essa existência significa.
Todas as perguntas sobre Deus e a existência são respondidas em um segundo.
Depois, quando você volta deste estado, pensa ó meu Deus, eu preciso escrever alguma coisa
sobre isso. Mas, você não consegue escrever uma única palavra, porque a
experiência é multidimensional, e a escrita envolve apenas uma dimensão, falar
é outra dimensão. Você não consegue falar, não pode compartilhar sua
experiência com mais ninguém. O que se pode fazer é ensinar Yoga a outras pessoas para que elas
tenham a experiência por si mesmas.
Durante o dia subimos e descemos em cada grupo, mas cada um de nós tem um
nível mais ou menos estável ao longo
da vida. O nosso nível mais alto, mais estável é o que permanece. As
experiências positivas ou negativas e algumas drogas podem nos levar a algum outro
nível por um momento, mas depois voltamos ao nosso nível normal.
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